segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Recomeça a estação das chuvas...

“Quis continuar a falar, mas, de repente... Calei-me”.
— Sabe por que estou eu tão contente? — perguntou-me ela — e me sinto tão satisfeita por o ver? Por que estou tão carinhosa para com você?
— Diga — perguntei eu, e o meu coração batia...
— Pois eu lhe tenho toda esta amizade porque você não se apaixonou por mim. Outro, no seu lugar, teria começado por me importunar e aborrecer teria suspirado e fingido que estava doente. Mas você foi tão franco e tão simples!
E apertou-me a mão com tanta força que por pouco eu não gritava. E riu-se outra vez.
— Meu Deus! Como você é meu amigo! — continuou depois de uma pausa cheia de seriedade. — Acredito verdadeiramente que foi Deus quem o enviou. Que teria sido de mim se não o tivesse ao meu lado? Tem sido tão bom para mim! Se eu me casar havemos de continuar assim, amigos... Como dois irmãos. Hei de gostar de você quase tanto como dele...
Custaram-me estas palavras e, naquele mesmo instante, senti um desgosto imenso; mas a seguir, qualquer coisa semelhante a um sorriso se esboçou na minha alma.
— Está muito desassossegada
— disse-lhe — pois, no fundo, tem medo que ele não venha.
— Mas que idéia! Se não estivesse tão contente, é muito provável que me fizesse chorar com essa sua descrença e com as suas censuras. Além disso, não tem feito outra coisa senão insistir numa hipótese que pode trazer-me muitas contrariedades. Mas isso fica para depois; por agora confesso-lhe que adivinhou. Eu estou verdadeiramente... Fora de mim! Eu sou toda ansiedade e percebo tudo e tudo ouço como através de uma nuvem... Mas basta... Não falemos mais de sentimentos...”

(Fiodor Dostoievski – “Noites Brancas”)



Os dias têm sido turvos, cinzentos, desbotados e chuvosos, assim como a velhice que me aguarda. Mesmo quando o sol brilha no céu azul ao longe, quando cantam o mar e os pássaros, as folhas verdes das árvores balançam ao vento... Mas tudo é triste e vazio por trás das lentes do meu espírito.

Conforme o tempo passa, percebo como estive vivendo tudo novamente, como um ciclo que retorna à sua origem e ao mesmo tempo ao seu fim, indistinguíveis um do outro, numa mesma seqüência de fatos, sentimentos e frustrações. Está tudo sempre o mesmo. Está tudo assim tão diferente e tão semelhante ao que se foi.

A promessa se repete a cada novo ciclo, a proteção que busco na solidão se mostra sólida em sua teórica invulnerabilidade. Acabo sempre quebrando a promessa e deixando que aconteça de novo, deixando que haja uma aproximação indevida por parte de algumas pessoas. Pessoas que me despertaram aquilo que nunca esquecerei, quão marcante é a sua presença em nós, tamanha a sua sublimidade e poder. Maldito seja ele.

Mais uma vez faço então a promessa que um dia me libertará de todo esse mal que maravilhoso é para o mundo. Aquilo que todos conhecem em todos os idiomas, que faz queimar seu orgulho em cinzas e desatina. Sua presença é a causa de meu sofrimento e minha solidão. Mas sou feito dele...

Minhas noites, naturalmente terminam com uma manhã. É sempre igual às outras. Nada passa pela minha mente para cumprir-se durante o dia. Os dias são assim sempre iguais... Pena ter eu perdido o costume. Terei de recupera-lo novamente; afinal, é isso o que a vida sempre me mostrou, enquanto eu me recusava a enxergar, colocando-me nos braços de alguém. Alguém, que, como sempre, não queria nada daquilo. Não era diferente da personagem acima. Bem, afinal de contas não me podem oferecer mais do que aquela mulher da história ofereceu ao seu desgraçado interlocutor. Ninguém pode oferecer mais do que isso a alguém como eu, como outros iguais a mim. Por que é tão difícil aceitar quando nos parece inevitável o nosso fim? Sei que terminará da mesma forma. De que me valerá conseguir aquilo que quero? Procuro ter a esperança de que isso aplacar-me-á a falta que ele faz.

Pelo menos, desta vez, alguém cuidou tão bem de mim antes de partir que não haverá como o rancor espalhar seus ramos negros e amargos sobre mim. Ela aumentou minha muralha, mas deixou algumas flores lá dentro.
Mais um ano começa, indiferente, incolor. Para mim todos os dias serão dias de novembro e todos os sóis de cada dia estarão cobertos pela chuva fria.

“Hoje é o primeiro dia do resto dos seus dias.” (Thom Yorke)

domingo, 23 de dezembro de 2007

For whom the bell tolls...

A bebida enternece a alma. Após longas horas sinto o efeito que ela causa em minha solidão. Após o tumulto, a agitação, as luzes... Nada parecia solitário e tudo era feito de sonhos, emoções...

Mas agora já não há mais luzes a festa acabou. Sinto uma profunda saudade daquilo que não vivemos. Sinto saudade de você. Meus pés estão doloridos, minha língua dormente; pensei que pudesse esquece-la um pouco, por breves momentos em um lugar cheio, onda há muitas pessoas, muitos conhecidos. Mas não havia como tirar você de mim. As noites são sempre claras ao dizer que eu deveria estar com você.

Não tento, não há aquela que poderá substituir você. Olharei a beleza delicada de uma flor em um imenso jardim, mas nenhuma terá o encanto e o mesmo perfume que o seu. Por que estive pensando tanto nisso? Se já faz algum tempo! Eu poderia tê-la deixado de lado, se talvez tivesse bebido mais um pouco... Se talvez tentasse regar uma outra rosa. Não há, não tem como. Se ao menos você pudesse me ver...

As noites são sempre iguais, solitárias, onde quer que eu esteja, numa festa ou em casa, aqui na frente desta máquina escrevendo para você. É só para você que eu escrevo. Mas você não pode ver... Você já não me enxerga mais, já não me escuta mais, já não pode ler mais... E eu sinto você tão viva, como perto de mim, e sua alma parece sentir a minha. Acompanha-me, pois sem você minha tristeza se revela real. Minha ilusão é tudo o que eu tenho, é o meu pensamento, é a sua imagem perto de mim agora... Descanse então, e amanhã nos encontraremos de novo, como nos sonhos que hoje à noite terei. Deseje-me bons sonhos...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Noite de dezembro...

A brisa fria da noite vem soprando ao longe. Sozinho aqui sentado penso nos meus sonhos que se foram... Estou aguardando. Não importa o quê.

Há uma bela moça sentada a alguns metros à minha direita. Ela também parece estar aguardando. Parece agora pronta para levantar-se. Mas continua aguardando. Que será que ela espera? Tão solitária, assim como eu. Mas ela parece esperar por alguém. Eu também já estive esperando por alguém. E foram tantas vezes...

Não compreendo exatamente o porquê de estar escrevendo isto. Talvez eu realmente esteja sentindo os efeitos do tédio... Ou talvez eu realmente esteja adquirindo novamente o costume de escrever. Começou de mais uma tentativa frustrada de escrever uma poesia. Estava saindo um soneto em alexandrino, mas que logo depois se transformou em seis sílabas poéticas, cada um dos dois versos, reestruturados então. Mas logo desisti e estou escrevendo outro texto lírico em prosa. Dessa vez estou sem bebida, apesar de estar próximo ao estabelecimento que a vende.

A moça está usando um casaco cinza e uma saia preta com babados à altura do joelho, mais ou menos. Ela tem a pele muito branca e os cabelos escuros e ondulados, chegando a passar por pouco os ombros. Oh! Ela se foi... Não sei porque ela chamou-me a atenção. Mas não importa. Agora estou realmente sozinho.

Logo chegará a hora de levantar-me também. E apesar de me dirigir a um recinto com um número razoável de pessoas, eu continuarei sozinho. Será como se ainda estivesse sentado neste banco vazio, sentindo o ar frio da noite soprar em meu rosto... De qualquer forma, estarei melhor assim.

domingo, 16 de dezembro de 2007

O inesquecível perfume da rosa...

“E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa.
Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... Repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela
rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... Repetiu o principezinho, a
fim de se lembrar.”

(Antoine de Saint-Exupéry – “O Pequeno
Príncipe”, Capítulo XXI)


São tantas pessoas... Mas aos nossos olhos, de imediato, são todas iguais. Iguais a cem mil outros. Como explica o autor no decorrer do capítulo, não temos necessidade delas, pois não fomos cativados e nem cativamos.

Bem... Com ela foi diferente. A minha rosa me cativou desde o princípio. Eu a cativei também. Pena ter demorado demais para descobrir isso. A vida é cheia de sol quando uma dessas pessoas nos cativa. Lembramo-nos dos pequenos detalhes com mais carinho. Seus passos são diferentes dos outros. Sua voz é diferente das outras, inconfundível. Seu jeito é exatamente do jeito que queremos.

Eu penso que a conheço. Conheço suas qualidades, seus defeitos, seus pontos fracos (positivos e negativos, se me compreendem). Porque realmente só se conhece aquilo que cativa, não é? As pessoas esqueceram disso também. Como diz o autor, elas compram tudo pronto nas lojas. Mas não existem lojas de amigos. Nem de amores...

Como dizia ela própria: “As melhores horas da nossa vida são exatamente aquelas em que perdemos a noção da hora”. O tempo simplesmente passava enquanto eu estava apenas conversando com ela. Não adianta pedir para que ele seja mais vagaroso... Que dirá pedir que ele pare! O tempo é implacável... Ah, se eu a tivesse amado a tempo! E eu tive muito tempo... Muitas horas felizes de espera, muitos “ritos”, como diz Saint-Exupéry.

Mas aí: “- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...”. Acontece que a minha rosa é única. Ela é, para mim, a mais importante de todas. Porque fui eu quem a reguei. É a minha rosa. Foi o tempo que eu perdi (ou melhor, doei) com ela que a fez importante para mim. É por isso que não me arrependo de nada. Eu passaria por tudo outra vez e a regaria de novo e a cativaria de novo e deixaria que ela me cativasse... Ela levou embora toda a amargura que existia em mim. Ela também me regou, uma planta seca, e voltei então à vida. Ela é eternamente responsável por mim. E eu sou também eternamente responsável por você, minha amada amiga...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O limite do Amor / November Rain...







Nada é capaz de mudar tão completamente uma pessoa quanto ele. É tão sublime e tão revitalizante, tão doloroso e tão perfurante quanto um sopro fino e gelado de inverno. É eterno enquanto cultivado. É efêmero quando rejeitado. Tão efêmero quanto a vida, nem um pouco menos.

Tento não permitir a sua entrada. Mas ele sempre está lá. Sempre esteve. Um par de anos. Teria sido ele sempre o mesmo? Naturalmente que não. Apenas quando ele se viu num espelho, límpido e turvo, luminoso e obscuro das palavras dela. Ele também se via estático, brilhante, num par de olhos em fotografia. Não voltou a encontrar-se quando os olhos não mais eram estáticos e o brilho já havia se apagado...

Ele fala em você para fazer coisas que vão de encontro aos seus costumes, às suas vontades... Mas como é bom fazer o que não faríamos... Percorrer qualquer distância, ir buscar seja o que for, apenas para fazê-la feliz. O orgulho? Engolido. Afogado. A timidez? Nem vergonha mais. Tudo se curva perante sua força e seu poder de destruição.

Ele destrói sim... Ele salva. Ele me faz desejar abrir mão da eternidade, ele está disposto a dar todo o meu sangue para ver brotar novamente a rubra essência vital nos lábios dela, se assim for necessário. Se eu pudesse tocar!... E quantas promessas que foram esquecidas, que foram feitas e que agora descansam em um mundo de lembranças e desejos.

O brilho dos seus olhos se foi. Tão turvos que mal posso enxergar suas pupilas. Por quê? Contentaria-me eu com isso? É claro que sim. Ele não se importa. Ele sabe que é mais do que isso. Ele sabe do seu poder. Ele se contentaria em ser alimentado por um sentimento não tão forte quanto ele, mas que está longe de possuir a sua fraqueza. A amizade afinal é tão nobre... Posso me contentar com ela. Posso, ainda, passar por cima de tudo apenas pela amizade dela, pois estando junto a ela estou em paz.

Como pode esse sentimento ousar dar sentido a vida e a todo universo? Como pôde ele prometer-me felicidade simples e eterna se me deixou vagando na fria chuva de novembro?

Não há espaço aqui para você. Não devo mais senti-lo. É você quem me faz sonhar noites inteiras com quem quero e quero esquecer. É você quem nos faz sentar em um boteco com um caderno numa mão e uma cerveja na outra. E é você quem nos faz escrever em blogs como este...

Quando eu era criança...

Nos últimos dias tenho buscado fonte de inspiração. Algo que pudesse falar de mim da forma como eu gostaria, não como eu poderia escrever, seja de que jeito fosse. Sou a favor de escrever aquilo que sentimos, mas também interpreto isso como uma arte, como algo que se faz para expressar beleza, a beleza das palavras e das frases, das metáforas e das tantas outras figuras de beleza lírica, a beleza dos sentimentos, a beleza das tristezas...

Resolvi novamente confiar minha inspiração a um livro, um livro que diga aquilo que vivo e traga-me as palavras que procuro para que eu possa formar as minhas próprias. Encontrei-o no livreiro da universidade. Os livros ficam dispostos num banco em volta de uma árvore, um jambeiro. E lá eu encontrei algo que já conhecia, mas não possuía: “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. Uma edição nova, cheirando como nenhuma outra (tenho mania de cheirar e apalpar exemplares, uma verdadeira adoração àqueles papéis dispostos em brochuras), por um preço inconcebivelmente baixo para um livro novo.

Sim, agora eu encontrei o que procuro. Será como formar a nuvem da qual cairão minhas palavras como uma chuva fria de novembro. Tirar coisas assim do Pequeno Príncipe? Acredite, eu tiro. Tirarei dele a chuva fria de novembro. Quem sabe eu acabo me encontrando também naquelas páginas coloridas e cheirosas, contendo textos aparentemente inocentes, mas de uma profundidade transcendental... Quem sabe encontro as respostas que procuro, ou as que realmente já sei, ou simplesmente algo que fale sobre o que sempre escrevo... Não importa. Apenas não me traga de volta ao mundo...

domingo, 9 de dezembro de 2007

A smell of recognition...

Estou aqui hoje não para postar mais uma das minhas reflexões, mas para dizer que tive a grande honra de ser indicado pelo César, do Confessionário, aos prêmios abaixo. Vim também fazer as minhas indicações.

Eu Tenho Um Blog de Elite

Prêmio Escritores da Liberdade

A seguir estão os meus indicados:

1. Botando pra fora (Blog da Kari, cujos textos tanto gosto de comentar e com os quais tanto me identifico);
Abaixo, blogs recém-criados assim como o meu e cujas autoras poderão vir a se tornarem excelentes blogueiras.
Obrigado mais uma vez ao César e parabéns aos meus indicados, que sirva de motivação para que continuem a produzir. Perdoem-me aqueles que eu não indiquei, gostaria que fosse permitido indicar mais do que cinco. Até a próxima!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O segundo naufrágio...

Bem, aí está o meu poema favorito. Não é do meu autor favorito, mas é de uma poetisa que também aprecio muito. Fala verdadeiramente do que senti, sinto e talvez ainda sentirei. Bela é a sua profundidade. Resolvi então postar aqui uma análise interpretativa deste poema. Espero que também apreciem. O nome do poema é "Canção", da Cecília Meireles.

Vamos por estrofes, separadamente. São cinco:
"Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar
com as mãos,
para o meu sonho naufragar"

Segundo a Psicologia, os sonhos nascem do inconsciente humano. Para os poetas, o oceano possui valor lúdico: significa profundidade, mistério. Estas características, pois, também se aplicam ao inconsciente, sendo utilizada aí uma metáfora. O eu-lírico então decide esquecer o seu sonho, "empurrando-o" de volta.
"Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas."


Nesta segunda estrofe ela mostra de forma sucinta (por enquanto) que esquecer um sonho causa um grande transtorno, tristeza, angústia. E o detalhe mais importante: Nos dois últimos versos ela mostra que uma pessoa triste e/ou depressiva acaba por afetar aquelas pessoas que estão em volta.

"O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio..."


Aqui na terceira estrofe ela mostra claramente o esforço psicológico necessário para esquecer o sonho, enquanto este vai aos poucos sendo levado de volta ao inconsciente, ao esquecimento.

"Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça."


Quarta estrofe. O eu-lírico descreve todo o seu sofrimento e esforço para esquecer o seu sonho. Podemos observar o quanto o processo é lento e doloroso.

"Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas."


Por fim, ao concluir seu intento, o seu sofrimento tem fim. Seus olhos agora estão secos como pedras, ou seja, ela acaba de se tornar uma pessoa insensível e amarga. Suas duas mãos quebradas simbolizam a sua incapacidade, sua impotência...

Bem é isso. Assim como este eu-lírico, eu tentei esquecer meu sonho. Estou tentando pela segunda vez, tomando o cuidado de acrescentar um esforço a mais para não sofrer das conseqüências descritas nos dois últimos versos, assim como aconteceu da primeira vez. Meu sonho não é difícil de deduzir, para aqueles que têm acompanhado. Mas para mim, a noite se curvará menos de frio e o vento não soprará se eu esquecê-lo. Será melhor assim. Bem, até a próxima.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

No time to love II...

Para que serve um Homem?

Afinal, homem serve para quê? Ah, para uma porção de coisas, e todas ótimas. Para namorar, por exemplo, ainda não se descobriu nada melhor. Pensar neles, sonhar com eles, fantasiar a vida com eles, às vezes é quase tão bom quanto estar com eles. Mas como saber se ele está ou não cumprindo sua função? Simples! É quando você tem vontade de se enfeitar, trocar de penteado, fazer depilação, pôr um vestidinho, comprar um sapato de salto alto, vontade de fazer ginástica... Se você faz tudo isso, e com a maior alegria, é porque ele merece. Um homem que sabe apreciar seu brinquinho, nota quando mudou o cabelo, é muito, muito estimulante. Ter um homem que desperta a vontade de enfrentar uma cozinha, de voltar do trabalho correndo e, mesmo exausta, passar no supermercado para comprar manteiga sem sal que ele gosta. Um homem que sabe, em caso de necessidade, pregar um prego, trocar um fusível, matar uma barata... Sinceramente, tem melhor? Tem sim, e ainda tem muito mais. Um homem que faz você gostar dele apaixonadamente, que dorme abraçado com você no inverno, que ouve seus problemas sem bocejar, que conversa, que ajuda... Com quem quer ter filhos e planos de envelhecer junto... Ah, isso é bom. Se você encontra um que te faz sentir tudo isso, agradeça a Deus: é apenas a melhor coisa do mundo!

Texto de Danusa Leão



Bem, aderindo ao tema abordado pela Jéssica, do blog Devaneios Bobos, resolvi discorrer sobre o assunto (mais uma vez), porém falando em outra perspectiva. Irei basear-me no que foi dito no texto dela e no texto acima citado, ambos tratando do mesmo ponto.

Primeiramente, gostaria de perguntar: Será que este homem (ou mesmo esta mulher) referido no texto é utópico? Eu pelo menos acredito que não. Mas por que será que dificilmente eles são encontrados, ou até mesmo nunca encontrados? Bem, eu acho que talvez saiba a resposta.

Eu estava conversando com uma amiga recentemente, e ela apresentou-me algumas idéias interessantes. Disse ela que ser romântico é perfeito, mas que isso não é suficiente. De acordo com ela, as coisas hodiernamente inverteram-se. No século XXI o que importa primeiro é aquilo que vem do corpo. Da pele. E só depois vem o amor. E só depois vem o romantismo para manter a coisa toda. Ela afirma também que isso é causado pela banalização da sexualidade, na mídia, nos outdoors, nas ruas... Ela sintetizou dizendo que é fácil encontrar um prazer carnal e as pessoas se deixam levar pelo prazer.

Pronto, agora iremos ao foco: o que (geralmente) falta em homens com as características citadas acima? De acordo com a minha amiga falta o que ela chamou de paixão. Ela explicou isso de uma forma bem simples. Disse que me ama, mas que isso não é o suficiente para querer-me. Faz sentido. Posso agora lhes dizer que esses homens referidos nos textos existem sim. Na mais absoluta “perfeição” referida. Mas onde é que eles estão? Eles estão por aí... Estão em bares, ou em botecos, talvez sozinhos em suas casas... Ou escrevendo em blogs como este (certo, sem apelar).

Os homens detentores das características citadas são aqueles sujeitos ao platonismo. E no amor platônico não há a tal paixão conceituada pela minha amiga. Sendo assim, esses homens nos tempos atuais talvez jamais encontrem a pessoa ideal, pois simplesmente falta-lhes aquilo que é requisitado pela maior parte das mulheres hoje. Digo por experiência própria. Esses que possuem a tendência de idealizar e tratar suas amadas exatamente da forma como teoricamente elas gostariam, servem, na verdade, apenas como amigos. Não despertam nada além de amizade. Foi isso o que pude observar no decorrer de dez longos anos.

Eu havia escrito algo semelhante a isso no blog antigo. Tamanho negativismo que utilizei foi um exagero. Sinto-me feliz, apesar de tudo, em ter voltado a ser ultra-romântico. Ainda prefiro ficar sozinho...

sábado, 1 de dezembro de 2007

Fake Plastic Trees...

Nunca me ocorreu de contar isso a ninguém. Não porque não quis ou porque nunca perguntaram. Mas é que nunca me ocorreu mesmo. Eu estava conversando com o César sobre o assunto e tive a idéia de enfim falar sobre isso com alguém.

Como alguns devem saber, assim como o César, eu nunca fui do tipo popular na escola. Mas no meu caso isso vem desde o jardim de infância, não sei se acontece o mesmo com ele. De qualquer forma acho que ele vai postar um texto tratando do mesmo assunto que este tratará.

Lembro-me muito bem daquela época. Eu sempre fui um menino tímido, com poucos amigos (talvez nenhum naquela época), não lembro minha idade, talvez uns três ou quatro anos... Eu era amigo apenas do porteiro, Dudu, que proibia a minha saída em minhas insistentes tentativas de voltar para casa. Meu tio falou recentemente que no dia em que ele foi me deixar lá quase voltava para me buscar, devido à cara que eu fazia ao ser deixado. A escola era uma tortura para mim, principalmente no início. Havia também a minha babá (na verdade não era só minha e sim da turma toda eu acho, mas eu era mais apegado a ela que qualquer outro), Janete.

A não ser por esses acima citados, não me dava com ninguém. A não ser com uma menininha da minha idade. Uma menininha assim como eu, solitária. Mas ela era alegre. Sim, ela sorria ao conversar com as mesmas pessoas que eu (babá, porteiro e “tias”). Nós nos conhecemos e nos tornamos amigos. Nem sempre nos entendíamos, eu não compreendia todas as mensagens dela. Vim entender mais tarde. Mas não me importava. Eu podia compreender o que aquele sorriso infantil queria, do mesmo jeito. Eu sabia que ela era diferente. Só não sabia o quanto. Mas eu não me importava. Eu gostava de estar com ela. Ela era a minha melhor amiga. Ela era quem me fazia esquecer que eu estava sozinho. Ela levava embora a minha solidão.

Ela se chamava Juliana.

Ela tinha síndrome de down.

Claro que eu só vim me dar conta quase duas décadas depois. Minha família sabia de tão sincera amizade. Lembro-me que eles diziam que ela era a minha noiva. Éramos inseparáveis companheiros no nosso silêncio mútuo. Eram poucas palavras. Mas era bom estar com ela. Era bom sorrir junto com ela e seu sorriso inocente. E seus olhos negros e ingênuos. E eu percebo hoje como era lindo ser criança.

Juju, onde quer que esteja, espero que esteja bem. E saiba que nunca esqueci de você.

Até a próxima...


Nostalgia... http://br.youtube.com/watch?v=hmdmfWQW4ig