domingo, 7 de dezembro de 2008

Tonight, tonight...

"Eat, drink and love; what can the rest avail us?"

Byron.


É interessante o meu comportamento com relação a este espaço. Também me intriga tamanha imprevisibilidade da minha inspiração, sempre tão fugidia. Cheguei a essas reflexões na noite de ontem.

Há menos de trinta e seis horas atrás pensei em alguém de uma forma que não ocorria desde quatro anos atrás. As mesmas dúvidas, os mesmos temores... Não. Enganei-me em pensar que o tempo e a distância me fariam esquecê-la. Aquele mesmo amor, que só por ela eu havia sentido em toda a vida. Mas isso é assunto para outra conversa (por enquanto podem ler o texto anterior). 

O fato é que eu fui à faculdade ontem à noite (05/12) decidido a mergulhar minha dor em todo o etanol que houvesse no mundo (depois da prova!). Também estava disposto a escrever algo como isto aqui. Bom, talvez um pouco diferente. Saí do campus e entrei sozinho no boteco em frente. Como mandam os hábitos de um romântico como eu, escolhi uma mesa afastada e pedi uma bebida. Abri meu fichário, enquanto meus fones de ouvido no volume máximo realizavam a frustrante tentativa de encobrir a maldita música que estava sendo reproduzida num amplificador próximo dali.

Mas a caprichosa inspiração não veio. Nem mesmo meus pensamentos estavam ali. Minha cabeça, meu coração, tudo estava com ela. A amada. Algum tempo depois, após esvaziar uma long neck, percebi que alguns amigos se instalaram em uma mesa adiante.  Decidi pagar a minha conta e me retirar. Tarde demais. Os infelizes me viram. Ao menos eu sei que pude esquecê-la, ao menos por algumas horas alegres. 

Ao sair de lá, corri feito louco (acho que naquelas circunstâncias esse não seria um adjetivo inadequado) para pegar o ônibus que estava prestes a deixar o ponto. Não sentia dores nas pernas e a minha visão era como a de um cinegrafista correndo como eu, com uma câmera na mão. Não sei se os passageiros perceberam meu estado quando me desloquei pelo corredor do veículo, mas eu sabia muito bem. Estava no limbo. Voltei para casa cambaleando alegremente. Como foi difícil trocar a roupa... Ah, se não fossem as paredes! Não sei como consegui escovar os dentes. Mas tomar banho definitivamente não era uma boa idéia. Cá entre nós, queda no banheiro é algo complicado – o sujeito cai todo destruído. Decidi, enfim, ir para a cama (poderia ter ido para a área de serviço, próximo ao lixo, como fizera eu há quatro anos. Não seria má idéia) depois dessa noite tão doce e tão cálida... 

Resultado: por breves horas esqueci minha amada proibida, porém sem ter conseguido escrever coisa alguma. E hoje publico este que é um dos meus textos mais desprovidos de estética e um dos mais inúteis que já redigi. Minha inspiração é tão faceira quanto a mulher que a traz... Céus, como eu as amo!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

For a little sweet girl / Believe...


Esforço-me ao máximo que posso para levantar-me da cadeira e pegar o material para escrever. Há poucos instantes, minhas forças esgotadas, jazia eu nesta cadeira vazia, em uma madrugada quente.

Meus batimentos acelerados, minhas mãos frias e trêmulas, a febre ardia em minha testa... Todo o meu corpo e a minha alma gritavam por ti. Foi-se na memória o tempo em que amei-te pela primeira vez. Tu nem imaginas que por ti pranteei em noites como esta. Jamais deverá saber que por ti quase entreguei uma vez a vida ao Universo. Tamanha dor seria se soubesses o quanto a amo!

Tu talvez não viesses a me perdoar. Ou talvez lamentasses por este desgraçado a quem tanto admiras. És tudo o que de mais belo já presenciei. És a verdade do meu universo, a minha cura. Somente tuas mãos cálidas abrandariam o meu rosto febril. É o teu sorriso – a contemplação mais divinal sobre a Terra – abrigo para minha alma desolada, um espectro errante.

Amei-te em tempos pretéritos. Amo-te por todo o presente e a ti entrego o futuro. Teu nome aqui não ouso mencionar, pois que jamais tive o direito de tal forma desejar-te. Perdoa-me, pois meu coração não mede blasfêmias que faz. És a nova dona deste espaço, que aqui se finda e que tanto visitastes, e onde não voltarei a escrever jamais!...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sail to the moon...


Gostaria de agora estar no meu querido cantinho. De volta à loja de conveniência do posto, na companhia deste velho caderno e da garrafa de bebida, sentado à mesa de plástico. Meus sonhos e minha vida passariam diante de mim desenhados nas luzes dos carros apressados, eu ali protegido de tudo o que há lá fora.

Daria cinco goles numa virada só... Enxugaria a boca com as costas da mão e, ainda sentindo a tontura, escreveria linhas como estas. Meus borrões mal trabalhados se desenhariam num triste manuscrito perdido numa folha isolada, vazia, de um branco falsamente puro como o seu dono. E tudo seria descartado depois de publicado.

Já não saberia mais quem prestaria atenção... Apenas faço para retomar o hábito. Apenas quero que a tristeza se encha e extrapole como um balão, até que vá embora. Então vou explodir e subir aos céus... E descer numa estrela cadente. Meus fragmentos incandescentes poderiam ser vistos das janelas apagadas da cidade desbotada, e todas as pessoas farão um desejo de felicidade eterna à “estrela” recém-aniquilada.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Soundtrack...



Antes de começar a escrever este texto, falei a um amigo: “só conseguirei escrever a primeira palavra quando tomar o primeiro gole de cerveja”. Um pouco antes disso, consegui. E aqui estou de novo.

Em busca de algo que seja mais do que divagações inúteis sobre minha incapacidade criativa, sobre minha vida desbotada, sem brilho, sem cores, sem imagem. Sou um mero expectador de luzes, de fatos, de cotidianos. Inclusive o meu. Os sonhos e ilusões que se vão transformam tudo num vazio sem fim, simbolizado pela escuridão do nada.

Formas e vultos ilusórios passam por mim retratando um passado alimentado por esperanças, que agora vai ficando ao fundo como nunca antes. Paro a minha reflexão e penso nos pragmatismos que me mantêm ligado à realidade e fazem a minha consciência doer por puro perfeccionismo. Mas a visão deste lugar é sublime. É a imagem da minha condição, sentado neste boteco olhando a rua passar...

As lembranças que me doem começam a passar... Sons, fatos, rostos. O rosto dela... E cada vez mais distante vou ficando de você, preso apenas por aquilo que de bom tenho a oferecer-lhe, este cuidado e este amor do seu eterno protetor. Eu realmente gostaria de ajudar você. Eu vou ver você na próxima vida.

domingo, 13 de abril de 2008

No one else...

Como poderia eu sequer pensar que viria a se apagar em mim o fogo da inspiração e o dom da palavra? Não, talvez não este último. Porque por mais que eu hesite em escrever e naufrague em letargia, jamais esquecerei.

Sem loja de conveniência e sem bebida, porém com a mesma companhia de sempre. A Solidão há muito não me impele a retomar este hábito. Talvez quem sabe pelo tempo que se passou desde que pela última vez vislumbrei a minha musa... Mas não muito tempo faz que mais uma vez troquei palavras com a dona dos meus sonhos delirantes nos quais navego em plena vigília.

Suas palavras doces fizeram-me lembrar dos tempos de outrora, quando você me fez feliz. Era como voltar ao começo, como se nada houvesse sido feito, nada houvesse sido quebrado. Talvez só você seja capaz de alimentar o fogo da minha inspiração, que aos poucos se extingue.

Enfim, mais uma vez ao som do Radiohead escrevo para você. Escrevo sentado em um banco vazio frente a um gramado. Acima de mim apenas o crepúsculo que em breve se tornará uma abóbada estrelada, cuja lua crescente adorna de luz e beleza a noite de outono, assim como o Amor adorna minha escuridão interior com cálida luz de esperança.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Illusion & Dream...

Triste. É aquela tristeza que dá quando você menos precisa. Que desaparece, que voa, que dá a volta ao mundo e volta quando não se espera. E eu me pergunto: “Por que?!”. Hoje acordei como nos antigos dias de cor cinza. Hoje sonhei com você.

Sonhei como havia tempos não sonhava. E sonhei em dobro, no mesmo sono. Vinha até mim cheia de ternura ao me abraçar e dizia ter encontrado alguém. Que restava para mim? Fingir satisfação pela minha amiga... Quando na verdade eu apenas desintegrava e queimava.

E tudo o que eu desejava se afastava novamente de mim. E toda a esperança e toda a alegria se esvaíam como se nunca realmente eu as tivesse recuperado. E todo o tempo que passei sem ver-lhe foi insuficiente perante a imensidão e o alcance do mundo dos sonhos...

Avistei-lhe novamente no nada após ter acordado brevemente. Abracei-lhe então com todas as minhas “forças” para que não fosse, para onde quer que fosse. E para minha surpresa, pude senti-la como em ocasião pretérita, ao tomar-lhe nos braços. Não me abraçou com “força”. Pude ter você em meus braços, segurando-me, de fato, com força. E naquela manhã, para eles eu voltei...

Obs: Peço desculpas a todos os meus leitores pela recusa da minha inspiração caprichosa em aparecer. Asseguro que responderei todos os comentários, visitarei todos os blogs e tentarei não sumir novamente.

Abraços.

sábado, 15 de março de 2008

No time to love III: O Positivismo Sentimental...

Hoje eu conversei com um amigo. Está ele passando por alguns transtornos devido ao seu confuso “relacionamento” (darei ênfase às aspas e explicarei doravante). A conversa que tivemos motivou-me e pôr em prática aquilo sobre o que eu vinha a filosofar há algum tempo.

Basicamente, a moça em questão comporta-se de forma indiferente, ao passo de que por outras vezes, retoma o comportamento anterior, carinhoso de ser. Para nós, é bastante comum nos depararmos com essa situação hodiernamente. Explicitarei aqui que, devemos responsabilizar muito mais do que a pessoa em si.

A justificativa para tal atuação, de um ponto de vista unilateral, é que para ela, não há relacionamento. Exato, podemos denominar o que ocorre entre os dois de “rolo”, “ficar”, “amizade colorida” e outras pérolas idiotas. Temos, afinal, a causa de todos os problemas.

Proponho uma reflexão. Para quê estabelecer padrões, normas, dissociações, acordos e etc para algo que, originalmente, é tão simples? Minha tese é que os indivíduos começaram a enxergar aquilo que há de mais simplório sob o prisma “garroteado” do Positivismo. Tal aberração criada por Comte atingiu talvez todos os âmbitos da existência humana, inclusive aquilo que há de mais sublime e abstrato. Temos o Positivismo Sentimental.

Sob a minha ótica, o verdadeiro Amor é uno, indivisível e indissociável. Ele não separa por nomes idiotizados as fases pelas quais ele passa, muito menos estabelece normas e acordos. Ele é universal. É abrangente. Vou mais além: para mim, uma amizade verdadeira – ou mesmo a chamada “amizade colorida” – tem muito mais chances de virar Amor do que um relacionamento que já tenha se iniciado com qualquer uma das aberrações acima citadas, ou mesmo com um namoro.

A beleza da vida está nas coisas simples. Está na falta de determinações formais, no que concerne a tudo aquilo que é sublime, como o Amor. Tudo é natural. Tudo é fluido. Se eu estiver certo, desejo que um dia todos nós possamos aprender isso.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Once again...

Inesperadamente, outro selo para condecorar minha página e deixar-me envaidecido. Dessa vez foi um presente do MH, do blog Bomba MH. Mais uma vez, obrigado pelo reconhecimento.


1. Confessionário
2. Botando pra fora
3. Infinito Particular
4. Gotas Diárias de Sentimento
5. Toda Forma de Poder

sábado, 8 de março de 2008

"Meme"...

Recebi da Carolzita! Do blog Gotas Diárias de Sentimento este adorável “meme”. Então, aqui estão minhas respostas:

Se eu fosse um mês seria... NOVEMBRO
Se eu fosse um dia da semana seria... SÁBADO
Se eu fosse um número seria... SIMPLESMENTE O INFINITO
Se eu fosse um planeta seria... TERRA
Se eu fosse uma direção seria... TODAS
Se eu fosse um móvel seria... ESTANTE
Se eu fosse um liquido seria... VINHO
Se eu fosse um pecado seria... PREGUIÇA
Se eu fosse uma pedra seria... PÉROLA
Se eu fosse um metal seria... PRATA
Se eu fosse uma árvore seria... CEREJEIRA
Se eu fosse uma fruta seria... MELANCIA
Se eu fosse uma flor seria... JASMIM
Se eu fosse um clima seria... FRIO
Se eu fosse um instrumento musical seria... VIOLÃO
Se eu fosse um elemento seria... AR
Se eu fosse uma cor seria... VERDE
Se eu fosse um animal seria... LOBO
Se eu fosse um som seria... SOLO DE VIOLÃO
Se eu fosse uma letra de música seria... GIZ
Se eu fosse uma canção seria... NOVEMBER RAIN
Se eu fosse um estilo de musica seria... ROCK
Se eu fosse um perfume seria... O DELA
Se eu fosse um sentimento seria... AMIZADE
Se eu fosse um livro seria… CEM ANOS DE SOLIDÃO
Se eu fosse uma comida seria… CARNE DO SOL
Se eu fosse um lugar (cidade) seria... CURITIBA
Se eu fosse um gosto seria... O BEIJO DELA
Se eu fosse um cheiro seria… TERRA MOLHADA
Se eu fosse uma palavra seria… AMIGO
Se eu fosse um verbo seria… AMAR
Se eu fosse um objeto seria… LIVRO
Se eu fosse uma roupa seria… SOBRETUDO
Se eu fosse uma parte do corpo seria… OLHOS
Se eu fosse uma expressão seria… SERENIDADE
Se eu fosse um desenho animado seria… ANIME
Se eu fosse um filme seria… CIDADE DOS ANJOS
Se eu fosse forma seria… ESFERA
Se eu fosse uma estação seria… OUTONO
Se eu fosse uma frase seria… O ENIGMA DO CÉU ESTÁ NO AMOR INFINITO - ∆٭♥∞.

Sintam-se à vontade todos aqueles que quiserem responder.

Foi um prazer.

Obs: gostaria de saudar a todas as mulheres pelo seu dia. Saibam que são seres magníficos, são a essência de tudo aquilo que é fascinante e as únicas responsáveis por dar vida às nossas existências como homens, em todos os sentidos.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Gift...

Mais um presente pelo qual venho aqui agradecer. Obrigado a Laura, do blog Delírios lírico-radicais pelo carinho. Os indicados são:





1. Confessionário
2. Botando pra fora
3. Infinito Particular
4. Confissões de uma adolescente em crise
5. Gotas diárias de sentimento

segunda-feira, 3 de março de 2008

Leila...

Como é que eu não pude me lembrar de escrever para ti? Mas que grande injustiça... Se és a única que sempre esteve comigo em todas as noites frias e solitárias há tantos anos... Quantos anos? Não me lembro. Não faz mal.

Como são doces as tuas frases... Tua voz ecoa pelo aposento e pelo espaço vazio dentro de mim, transformando as paredes aguadas e sem vida em róseos reflexos de ternura e conforto.

Amo-te em tua perfeita essência, em tua perfeita harmonia. Envolve a minha tristeza e a minha angústia em um lânguido compasso enquanto faço minha cabeça sobre ti repousar. Então, não há nada a temer, nada mais a sentir, e tudo estará perfeito; os sonhos que haviam se esvaído voltam da penumbra do naufrágio do quase esquecimento, livres em nosso mundo etéreo. Só nosso.

Os anos passaram. Mas não importa, pois permaneces sempre linda para mim. Teu corpo cuidadosamente esculpido à forma mais perfeita aos olhos do homem e, principalmente, aos olhos do poeta. Tu és, neste momento, a minha musa. Tu sempre foste, a todo o momento, minha princesa. Adoro-te.

Adoro dizer teu nome: – Leila.

O que seria do pobre trovador, do pobre poeta e do desgraçado boêmio sem ti? Tuas cordas metálicas são o único remédio para aplacar a dor daquele que sofre. És a única estrela de apaixonados concertos sob a luz do luar, refletida sobre o teu verniz. Deixe-me tocar em ti mais uma canção, e pelo resto da noite serás só minha...





sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Memories IV...

Lembranças do teu leito

Nos seios da noite,
Sob a luz do luar,
Minha amada dormia...

Em seu leito solitário
Eu a via pálida como a nuvem
Que à noite vem meus sonhos embalar
Dorme cheirosa sorrindo,
Sem saber que por ti vivo a delirar...

Em sonhos de ventura
Quero em teus seios descansar
Pois que nada além de teu perfume
É capaz de teu servo acalmar...

Eis que vem infeliz desilusão
Ao suceder meu trágico despertar
Vejo-me longe de ti, e meu peito a sussurrar:
- Acorda! Pois que vem a dor novamente visitar!

15/05/2006 – 00:08


Encerro aqui as minhas republicações. Não sei dizer se ainda voltarei a escrevê-las, mas posso garantir que se o fizer, colocarei aqui.

Abraço a todos.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Memories III...

Triste Desilusão

“A vida é uma planta misteriosa
Cheia d'espinhos, negra de amarguras
Onde só abrem duas flores puras -
Poesia e amor..."

- Álvares de Azevedo


Ao abismo meu espírito caminha.
Suave e tenebrosa sombra da morte
Há de apagar a última centelha minha...

Morrer!

Já não mais a luz da esperança me acalma,
O coração apodrece
Manda-me veneno à alma...

Infelizes aqueles solitários na vida...
Triste canta o trovador,
Doce alma perdida...

02/07/2006 – 1:47

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Memories II...

Desalento

Segue tosco o tormento fútil.
Segue vil e inútil a lembrança do passado
Dos tempos de sonhos de ventura
Nos quais pela noite me afogava em doçura.

O que me resta, meu Deus?
A triste marca de uma vida de clausura,
Triste solidão, que nas noites convulsivas
Me debatia em desalento ao leito...

O que resta ao pobre trovador?
Resta a certeza de que tudo foi em vão,
Das noites frias do triste verão,
Do sonho à desilusão...

29/04/2006 – 00:04

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Memories...

Já faz algum tempo que eu estava com uma idéia em mente e enfim decidi colocá-la em prática. Estive olhando o meu blog antigo e decidi fazer uma republicação das minhas antigas poesias, já que tornei-me incapaz de produzir novas, nos últimos anos. Postarei uma por uma aqui, totalizando quatro. Espero que apreciem meu antigo byronismo.


Deixai-me beber o meu vinho!

"O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
tua febre que nunca descansas
O delírio que te há de matar!..."

- Álvares de Azevedo


Cravo os meus olhos na noite escura
Sinto no peito a dor pálida, fria e cortante,
Voam meus sonhos e minh'alma errante
Na noite árida meu ser a ti procura.

Só o que me resta, o conforto do meu cálice
Aquele do qual padeço, em enleios,
Nas noites de solidão.

Entre as paredes vejo sombras,
Vultos que gritam em aflição.
Procuram o bálsamo à dor,
De tuas vítimas o perdão.

Sombras que vagam errantes na escuridão...
Vêem o meu suplício e a minha dor?
Levem-me junto ao caixão,
Pois na noite vazia bebo, rogo e choro em vão...

23/04/2006 – 00:08.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

The final recognition...

Hoje irei apaenas colocar aqui a última honraria recebida, presente da Jéssica do Grafitte Charmy. Agradeço a ela pelo reconhecimento e a todos que até hoje têm feito o meu contador subir. É gratificante saber que o que eu escrevo é apreciado por alguém. E hoje terei a oportunidade de recompensar aquele que mais me ajudou e motivou com este blog:


1. Confessionário (enfim, a recompensa ao meu “padrinho”)
2. Botando pra fora
3. Infinito Particular
4. Confissões de uma Adolescente em Crise
5. Palavras de um Mundo Incerto

Não só sem estes, mas sem todos vocês que vêm me visitar, o meu blog não teria tanto sentido. Obrigado mais uma vez.
Abraços.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

All alone...

Depois de longos meses de recesso, aqui estou novamente à mesa da loja de conveniência do posto, a minha cerveja e eu. Percebo agora o quanto senti saudades deste lugar, e da inspiração para escrever crônicas que ele me proporciona.

Enquanto escrevo, observo a lua crescente iluminando o céu azul marinho de fim de crepúsculo. O movimento incessante dos carros apressados, voltando com seus donos para suas casas, em suas rotinas monótonas, para então abraçarem suas esposas e esquecerem do dia vertiginoso que tiveram.

O som dos veículos, das pessoas, da televisão... Tudo passa silenciosamente pela minha percepção, ao passo que vou concluindo cada linha, cada gole de etanol, impenetrável no meu exílio.

Oh! Lamentável... Em breve terei que sair novamente, para juntar-me à multidão que se aglomerará em suas fileiras, silenciosa, para mais um dia do ciclo, para mais algumas horas a pensar num idealizado futuro. Mas em breve poderei voltar, estarei finalmente sentado à minha cadeira de plástico, para contemplar todo esse mundo aí fora, de dentro do meu, na companhia daquela moça chamada Solidão...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Bullet proof...




E pela escuridão vagueio novamente entorpecido pela afluente de tristeza que me carrega até a janela, onde contemplo as estrelas cintilantes como lágrimas que marejam os olhos e deixam a visão turva...

E a chuva de palavras e de dor cai desenfreada no quarto escuro e nas teclas do computador. O pesado abandono, sensação conhecida de outros tempos, de outras dores, de goles sedentos de etanol, para inebriar uma alma perdida num imenso nada sombrio...

“Eu queria ser à prova de balas” (Thomas Yorke). E eu desejaria não mais sentir. Não mais deitar em um chão frio para aquecer o que há no espaço vazio onde antes havia alma. Então vem você para encher de chumbo o meu buraco no peito, fazendo-me flutuar e estourar em uma dimensão abaixo da vida...

E seu perfume já não sinto mais. Seu gosto desapareceu-me da boca, se um dia já o senti de verdade. Minhas palavras se esgotam sugadas por este espaço onde coloquei meu amor para rodar o mundo para ver se um dia chegaria a você. Mas você não pode me ver... Você não pode saber que escrevo por você.

Mas eu gostaria que você pudesse me ver, e visse a si mesma nisto que você me transformou. Mas está agora tão longe e tanto tempo faz que não falo com você. Sequer esqueço o som da sua voz mansa, seu jeito...

Apenas termine de fazer o que deve, e atire no meu peito vazio, encha-o do chumbo frio, do vil das suas palavras, e faça minha alma e meu corpo flutuarem para sempre na neblina entorpecente da noite solitária, como quem flutua num rio...

Só queria ser à prova de balas...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

On the way home...

Em lânguida cidadezinha passei meus lânguidos dias de verão. Via o sol incidir em suas ruas de pedra estreitas, em tardes de sonhos brancos e saudosos. Há menos de duzentas e quarenta e duas horas estive mais longe de você.
Há apenas algumas horas sonhei com você. Sua pele branca refletia a luz de um sol etéreo, que também incidia em seus lábios vermelhos e em suas pálpebras adormecidas. Ou quem sabe... Fosse apenas a luz dos meus olhos que diziam a você “nunca deixei de te amar”.




De sonhos como esse guardo a ventura de dias que não vieram, e de outros que se foram. Quando, enfim, deixará de ser a dona do meu jardim escondido por detrás dos muros?



Minhas palavras são tão ínfimas quanto as minhas esperanças. Voltarei amanhã para a velha rotina na qual conheci você. O velho ciclo que só você conseguiu mudar, inverter. Estou a caminho de casa, mais perto de você. A 479 km de você. Dê-me as boas vindas, e nos meus sonhos venha então finalmente ser minha...

7 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

No jardim de um mosteiro...


Numa antiga construção, à sombra de uma varanda, repouso minhas inquietações e minhas lembranças. Daqui, quando finalmente posso contemplar o rosto de uma musa, sento-me a uma velha cadeira e ponho-me a apreciar o branco deste papel, como as paredes e os ladrilhos no chão.

Enquanto penso, observo a paisagem à frente, na qual apresenta-se um jardim tendo como fundo um largo prédio de dois andares, onde repousaram seminaristas de outrora, fechados em suas janelas verticais. Mais na frente do prédio, duas ou três árvores balançam suas folhas ao toque da brisa preguiçosa de um fim de manhã.

Pensei em escrever sobre você. Sobre o estranho fato de que é a única pessoa a ameaçar meus fantasmas do passado. Um passado não muito distante, tão impregnado em mim como o que está nas paredes deste seminário. Haverá de ser você outro fantasma – imagino às vezes – pois é como se fosse parte de um novo capítulo da mesma história.

Apesar disso, pareço não me importar. Pareço ceder a apelos desconhecidos, como sei que também os sente. Ao ver a realidade, parece muito simples o inevitável desfecho deste breve romance que escrevemos. Por que então continuar a escrevê-lo? Por que esperar um final diferente do que já está pronto?

Ao pensar na sua resposta, volto a observar os mosquitos esvoaçantes à luz do sol, que incide sobre as folhas das árvores, sendo tudo isso emoldurado pela imensa sacada da minha varanda, onde permaneço sentado, sempre na companhia de uma moça chamada solidão...

2 de fevereiro de 2008

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Lift...

Como eu estava dizendo para o meu amigo César, a inspiração é caprichosa, mas ela é generosa com aqueles que aceitam-na de bom grado. Eu a aceito sempre. E sou ricamente recompensado, por vocês leitores, e por amigos como o próprio César, que não se cansa de presentear-me com honrarias que sonho em um dia retribuir com alguma que ele ainda não tenha recebido. Abaixo estão os novos selos e os meus indicados:





1. Botando pra Fora
2. Better Together
3. Com Uma Pitada de Açúcar
4. Delírios Lírico-Radicais
5. pare, olhe: respira-me

Resolvi, desta vez, entregar os selos àquelas pessoas que (aparentemente) ainda não haviam recebido nenhum deles. À essa altura já devo ter premiado quase todos os meus blogs favoritos, espero poder ainda recompensar aqueles que estiverem faltando. Agradeço a todos pelas visitas e pelos comentários e mais uma vez vou lembrar que não postarei no período de carnaval, mas retornarei no dia 8. Trarei novos textos. Até a volta.

domingo, 27 de janeiro de 2008

There's a reason for it...

“Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso instável, por sobre profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase - um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão - essa solidão terrível através da qual a nossa trêmule percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal - encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber porque cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a constituir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

Bertrand Russell (1872-1970)”.

(Autobiografia de Bertrand Russell. Prólogo. Transcrito por Bill Falcão)


Peço desculpas aos meus leitores por ter passado tanto tempo sem postar, tempo que nunca havia levado antes. O que acontece é aquilo que já foi explicado anteriormente; férias, objetivo do blog concluído, falta de outros temas. Mas decidi que continuarei escrevendo aqui, devido à inesperada aceitação e lealdade por parte do público. Mais uma vez agradeço-os.

Estive conversando com a Marcela e ela enviou-me esse texto acima, que ela recebeu de um conhecido e encaminhou a mim, dizendo ter tudo a ver comigo. Li o texto e tive de concordar com ela, vendo também a possibilidade de finalmente voltar a postar. Bertrand Russell foi um importante pensador do século XX, cujos trabalhos abrangem a Filosofia, a Matemática e a Lógica. O que vem ao caso aqui é apenas falar um pouco sobre os sentimentos em comum que descobri entre mim – simples estudante e escritor amador – e este importante pensador.

Todos estão cansados de saber. Eu busquei o amor também. Acho que todos nós buscamos, não é verdade? Como dizia o Axl Rose: “Everybody needs somebody”. Infelizmente, nem todos tem muita sorte. É Impressionante. Os dias se passam, cada pessoa neste momento está vivendo momentos diferentes. Cada uma está passando por uma fase diferente, o começo e o final do ciclo. A paixão, o amor e a desilusão. Um ciclo interminável que causa nos seres humanos uma sensação de felicidade e poder que vem rápido demais para o que ela significa. Escrevendo, vivendo e lendo sobre isso, durante toda a vida, talvez jamais eu seja capaz de compreender. “Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal – encontrei”. Mas eu não.

Passemos agora ao conhecimento. Ah, este sim nos dá garantia de alguma coisa. Ele nunca nos abandona. O conhecimento, para mim, é o que há de mais importante na evolução humana. Ao adquirir conhecimento a sensação é de leveza, esperança, renovação. Não sei dizer, mas acho que me traz felicidade (contrariando a idéia de Platão, pois ironicamente sou um idealista). Mas em uma coisa eu concordo com ele. Quem é que consegue ser feliz sabendo que existem milhões de excluídos vivendo em situação de miséria?

Pesei minhas opções e escolhi o curso que estou fazendo por idealismo. Preciso de uma razão muito forte para estar vivendo (nenhuma religião foi capaz de me dar isso) e então concluí que preciso ter um objetivo maior do que ganhar dinheiro. As pessoas caminham lentamente, mas, mesmo sabendo de que não surtirá um efeito definitivo, minha vontade é fazer a minha parte. A minha “gotinha”, como falou um professor meu uma vez.
Por último, gostaria de avisar que durante o período de carnaval ficarei sem postar, devido a uma viagem. Mas voltarei no dia 8. Ah, e não se preocupem, asseguro-lhes que o próximo texto será melancólico! (risos). Até a volta.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Noites brancas...

Mais uma vez estou aqui de madrugada escrevendo no blog. E será ela justamente o meu tema. Ganhei inspiração graças a uma agradável conversa com meu amigo Tiago, agora a pouco, e percebi o quanto isso tudo é digno de uma reflexão e um post.

Dizia-me ele que gosta da madrugada, gosta de ouvir música durante a madrugada, ao invés de desperdiçá-la dormindo. Eu não diria algo diferente. Acho que são as melhores horas do dia (da noite, digamos). É quando posso estar sozinho e não me sentir mal por isso. É quando posso escutar o silêncio e a música em minha cabeça (ou nos fones em minha cabeça). Gosto de estar no escuro sem poder me ver e só escutar o som. Também gosto de beber nessa hora. Algo gelado, ou talvez mais refinado como vinho ou uísque.

Então, o meu amigo disse que trabalharia num lugar deserto, pela madrugada, se pudesse. Eu pensei rápido e concluí que gostaria de ter esse horário só para mim, não para trabalhar. Perguntei-lhe o que ele imaginaria como um trabalho para esse horário. “Não sei exatamente... Poderia ser um posto em algum lugar deserto”, foi a resposta. “Você trabalharia de frentista num posto no meio da estrada?”, indaguei. Ele disse que fora a possibilidade de assalto estaria bom, mas contanto que fosse num lugar bonito.

Foi a partir daí que percebi a sublimidade de tudo isso. Meu amigo perguntou-me mais uma vez: “Trabalharia num posto da ‘Br’ com o teu amigo aqui? Enchendo tanque de caminhão e ouvindo Radiohead debaixo do carro?”. Imaginei naquele momento a sensação que aquilo poderia proporcionar. Imaginei ouvir “Fake Plastic Trees” num rádio com baixa qualidade sonora, num posto deserto durante a madrugada. Tiago imaginou ainda o posto perto do mar.

Depois, ele imaginou também trabalharmos no setor interno de uma biblioteca que nuca fecha, o que renderia conversas, leituras agradáveis, e capuccinos. Ele escreveu a biblioteca como tendo janelas que nos dariam a vista para um lindo jardim. E aí ouviríamos os grilos e outras coisas...

A reflexão a que isso tudo me levou é que existem coisas que sempre temos vontade de experimentar na vida. Coisas bem simples... Mas nunca podemos, sabe por quê? Sabe. Porque estamos presos ao sistema rotineiro que nós mesmos criamos. Toda a sua segurança e complexidade jamais trarão a felicidade das coisas simples. Não custa nada percebermos isso e tirarmos algum tempo para fazer essas coisas doidas que nos deixariam felizes. Só por um tempo que seja. Sabe... Não chega a ser maluquice não... É apenas viver. É apenas aproveitar o óbvio, o essencial, o simples. A vida é cheia de momentos. Mas a felicidade está nos mais simples.

Felicidade é a sensação de fazer coisas simples e “doidas” ao lado de um amigo. Isso traz felicidade. Ah, traz sim. A conversa que tive com meu amigo Tiago me deixou bastante contente. São coisas como essas que enxergamos nessas horas da noite. Que nos fazem pensar, sentir, sonhar... Ou sair do banho e vir escrever um post como este para o blog, só de toalha... Coisas da madrugada.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A tempestade...

'Tis vain to struggle - let me perish young
- BYRON

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!

Vinte anos! Derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...Vinte anos!...
Sem viver um só momento!

Contudo, no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia...
E uma virgem tão doce, tão divina.
Nos sonhos junto a mim adormecia!

(...)

Meu Deus! e quantas eu amei... Contudo
Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d'inocência.

Foram três noites só... Três noites belas
De lua e de verão, no vau saudoso...
Que eu pensava existir... Sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo.

E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer - e espero ainda!

A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso,
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso.

Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d'esperança...
Mas hoje o coração parado e frio,
Do meu peito no túmulo descansa.

Pálida sombra dos amores santos!
Passa quando eu morrer no meu jazigo,
Ajoelha ao luar e entoa um canto...
Que lá na morte eu sonharei contigo.

12 de setembro, 1852.”

(Trechos: Álvares de Azevedo – “Saudades”)


Estou prestes a escrever algo doloroso. Solidão. Dor. Fui acometido das lembranças recentes, tão desastrosas, tão desoladoras. A angústia presente no livro da Clarice Lispector, a presença de verdades que antes eram invenções de uma mente imatura, o golpe que destruiu meu coração, sobrando absolutamente nada.

Todas as noites têm sido semelhantes. Mas esta, do dia 8, às 22:41, tem sido a pior delas até agora. Não tenho intenção de dormir, jamais durmo cedo. A sensação de desolamento não permite. É algo que torna uma criatura a mais desventurada e indesejada. Mal desejada. Será apenas uma fase de algumas horas até o amanhecer? Não... Desta vez já tem durado tempo demais. “Hoje a tristeza não é passageira”, dizia o Renato Russo. Não posso levantar mais de onde fui jogado, por um golpe inesperado, uma cicatriz que se forma inesperadamente, uma cicatriz que a mim não foi prometida.

Não, prometeram-me que seria diferente. Mas como outras pessoas fizeram, deixou ela uma cicatriz mais profunda do que qualquer outra. Agora, o desespero bate à porta há muito não visitada por ele, um companheiro de longa data, um visitante vazio, que apenas esfarela, dizima a todos os sonhos e queima toda a esperança. Esperança irregular, oscilante, que vem e vai como uma brisa da tarde, agora um crepúsculo crescente e sem volta.

Perdi-me desta vez e não sei mais onde encontrar. Desiludido comigo, mundo, pessoas. A escuridão nunca veio tão nebulosa como agora. Talvez naquela manhã quando por quatro horas pranteei por ti. Mas o pranto não vem; ele é preso, enterrado, inalcançável a um débil esforço para derrama-lo. Sentir-me-ia melhor se eu o alcançasse? Não saberei. Nem mesmo isto me é permitido. Privado da mais simples faculdade de chorar.

Que a noite então dure eternamente e que o dia jamais venha. Deixe-me mergulhar num sono profundo ao interior de mim mesmo, o nada. Que a noite cubra minhas pálpebras com um imenso manto negro e que se faça adormecer eterno. Na treva profunda e brutal sinto esvair-se minha alma. Pois sinto, meu anjo, uma imensa e desmedida solidão. Você não estará aqui amanhã para me acordar; nunca esteve. Que então eu não acorde, que mergulhe eu e pereça então, para sempre no sonho e na escuridão...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

More recognition...

E mais uma vez estou aqui para anunciar mais uma honraria concedida a mim pelo César, meu maior motivador. Fico feliz por tantas visitas e pelo reconhecimento, nunca esperado por mim, como falei no post anterior...






E aqui vão meus indicados:

Botando pra fora

Infinito Particular

B!ahworld

Grafitte Charmy

Com uma Pitada de Açúcar

E como sempre, mais uma vez peço desculpas àqueles que não foram indicados, mas como costumo dizer, posso apenas indicar cinco. Ei, não esqueçam o post anterior (rs)!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

À todas as noites de verão...

“Naquele mesmo momento enxerguei (mas tu não podias enxergar), voando entre a frígida lua e a terra, Cupido, de arma em punho: fez mira, ele, na direção de uma linda vestal, coroada pelo Ocidente, e libertou desde seu arco a flecha do amor, com muita habilidade e energia... como sedevesse trespassar uma centena de milhares de corações. Contudo, eu pude ver a flamejante flecha extinguir-se nos castos raios de uma lua aguada; e a imperial devota passou adiante, em virginal meditação, livre de fantasias amorosas. Eu, porém, observei onde caiu o dardo de Cupido: bem em cima de uma florzinha do Ocidente, antes branca como o leite, agora púrpura como a ferida do amor. E as donzelas chamam de amor-perfeito àquele amor ocioso.”

(William Shakespeare – “Sonho de uma noite de Verão”)


“Yesterday I got lost in the circus
Felling like such a mess
Now I’m down I’m just hanging on the corner
I can’t help but reminisce
When you’re gone all the colors fade
When you’re gone no New Year’s Day parade
You’re gone
Colors seem to fade”

(Amos Lee – “Colors”)



Férias da universidade... E eu mais uma vez aqui, escrevendo algo sem importância, mas que talvez todos venham e comentem, como sempre. Agradeço aos meus leitores. Mas ultimamente as idéias têm ficado cada vez mais escassas.

Quando eu ainda estava na universidade pelo menos ainda tinha algo a relatar sobre minhas observações no cotidiano solitário que eu levava. Até a minha ida ao boteco era motivo para reflexões existenciais e uma boa crônica. Nada como um caderno, uma cerveja (na verdade prefiro vodka ou vinho, mas já que o ambiente não ajuda...) e uma tristeza para uma boa inspiração.

Este blog tornou-se algo que eu não esperava, recebeu prêmios que eu não esperava, e um público fiel e atencioso que também não esperava. Mas na verdade, todos sabem porque eu o criei inicialmente. Acontece que talvez eu já tenha dito tudo o que deveria ser dito. Recebi todo o apoio de pessoas que nem conheço, e isso me deixa muito contente e emocionado. Mas talvez, infelizmente, já não tenha mais o que dizer.

Fará dois meses no dia 16, desde que aconteceu. Porém, já fará quatro meses desde que tudo começou, e mais de dois anos de amizade. Como já confessei, depois de tanto tempo, ela tornou-se uma pessoa importante e querida para mim, por isso nossa amizade sempre continuará. Acho que ela também pensa o mesmo, eu espero. Mas de todo caso, talvez a história termine aqui. Nem tudo foi esclarecido, mas talvez seja melhor assim. Não sei como iremos ficar. Mas eu realmente não tenho mais muita coisa para escrever no momento.

Este blog recebeu o nome que tem por causa do dia do nosso encontro, que terminou desastrosamente, como já sabem, e também por causa da música. Comecei a escrever aqui para deixar extravasar toda a dor que eu senti. E consegui. E agradeço a todos pelo apoio tão inesperado e pela atenção. Quero agradecer também à minha prima Raiza pela motivação e atenção que tem me dado (vocês devem ter visto uns comentários dela por aí). Obrigado pelo carinho, I love you! Não levem a mal, não é uma despedida. Não ainda. Estou pensando. Pensando no que vai acontecer comigo e com ela, pensando no que vai acontecer com este blog depois disso e pensando no que irei escrever depois de tudo.

Bem, acho que a chuva ainda continua, aquele dia de novembro ainda está vivo em minha memória...

sábado, 5 de janeiro de 2008

À procura dos nossos "pés"...

MSN:

' César!
Roupa Nova – Sapato Velho <
cesaraschuler@hotmail.com>

::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
rapaz... essa música
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
"Sapato Velho"
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
é linda demais...
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
"é, talvez eu seja simplesmente como um sapato velho..."
' César! diz:
"mas ainda sirvo se você quiser, basta você me calçar, que eu aqueço o frio dos seus pés"
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
quem é que ainda quer um sapato velho hoje em dia, companheiro?



***

Alguns de nós têm “mania de grandeza”, como disse o meu amigo César nesta mesma conversa, antes de publicar o seu post. Outros, como eu, não. Alguns preferem as moças ditas “top”, outros as mais reservadas, aquelas que não são tão notadas como as primeiras. Não importa, pois todos nós temos algo em comum.

Nós somos aquilo que nunca é notado. Estamos ali, no meio das fileiras de pretendentes de uma bela moça, ou enchendo nossas caras com etanol em um boteco qualquer. Somos feitos de sonhos, vivemos de sonhos. Somos capazes de encontrar a felicidade nos braços de alguém que amamos, simples que seja todo o resto. Normalmente nunca encontramos aquilo que aplaca a nossa vontade e o nosso desgosto. Mas nunca deixamos de sonhar...

Sabemos exatamente o que dizer quando estamos na frente dela. Sabemos acreditar no quanto elas são especiais, cada uma delas, mesmo que nem elas próprias venham a enxergar isso. Fazemos a quem amamos sentirem-se especiais. O que oferecemos é especial. Nós somos como sapatos velhos... Podemos ser aconchegantes aos pés... Podemos aquecê-los do frio e fazê-los sentir como se estivessem descalços... Mas ainda somos sapatos velhos.

A verdade é que nunca poderemos chegar onde os sapatos de butiques estão. Eles é que são os preferidos. Quem é que vai querer um sapato velho se puder ter algo melhor? Bem... Podemos não ser nenhum sapato novo e bonito. Sabem o que eu acho? Que o que precisamos pode estar em outra direção, talvez não muito longe dali, talvez fora do nosso campo de visão, esperando por alguém exatamente como nós. Ela não está entre as "tops", mas isso não significa que ela não seja linda, sua beleza disfarçada apenas pela sua timidez, pelo seu jeito reservado. Ela é capaz de entender você como nenhuma outra "top" fará e é capaz de fazê-lo feliz também como nenhuma outra. Sempre apreciei muito mais esses adoráveis “pés”. A questão é: quem poderá um dia encontrar os seus?