sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Memories IV...

Lembranças do teu leito

Nos seios da noite,
Sob a luz do luar,
Minha amada dormia...

Em seu leito solitário
Eu a via pálida como a nuvem
Que à noite vem meus sonhos embalar
Dorme cheirosa sorrindo,
Sem saber que por ti vivo a delirar...

Em sonhos de ventura
Quero em teus seios descansar
Pois que nada além de teu perfume
É capaz de teu servo acalmar...

Eis que vem infeliz desilusão
Ao suceder meu trágico despertar
Vejo-me longe de ti, e meu peito a sussurrar:
- Acorda! Pois que vem a dor novamente visitar!

15/05/2006 – 00:08


Encerro aqui as minhas republicações. Não sei dizer se ainda voltarei a escrevê-las, mas posso garantir que se o fizer, colocarei aqui.

Abraço a todos.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Memories III...

Triste Desilusão

“A vida é uma planta misteriosa
Cheia d'espinhos, negra de amarguras
Onde só abrem duas flores puras -
Poesia e amor..."

- Álvares de Azevedo


Ao abismo meu espírito caminha.
Suave e tenebrosa sombra da morte
Há de apagar a última centelha minha...

Morrer!

Já não mais a luz da esperança me acalma,
O coração apodrece
Manda-me veneno à alma...

Infelizes aqueles solitários na vida...
Triste canta o trovador,
Doce alma perdida...

02/07/2006 – 1:47

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Memories II...

Desalento

Segue tosco o tormento fútil.
Segue vil e inútil a lembrança do passado
Dos tempos de sonhos de ventura
Nos quais pela noite me afogava em doçura.

O que me resta, meu Deus?
A triste marca de uma vida de clausura,
Triste solidão, que nas noites convulsivas
Me debatia em desalento ao leito...

O que resta ao pobre trovador?
Resta a certeza de que tudo foi em vão,
Das noites frias do triste verão,
Do sonho à desilusão...

29/04/2006 – 00:04

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Memories...

Já faz algum tempo que eu estava com uma idéia em mente e enfim decidi colocá-la em prática. Estive olhando o meu blog antigo e decidi fazer uma republicação das minhas antigas poesias, já que tornei-me incapaz de produzir novas, nos últimos anos. Postarei uma por uma aqui, totalizando quatro. Espero que apreciem meu antigo byronismo.


Deixai-me beber o meu vinho!

"O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
tua febre que nunca descansas
O delírio que te há de matar!..."

- Álvares de Azevedo


Cravo os meus olhos na noite escura
Sinto no peito a dor pálida, fria e cortante,
Voam meus sonhos e minh'alma errante
Na noite árida meu ser a ti procura.

Só o que me resta, o conforto do meu cálice
Aquele do qual padeço, em enleios,
Nas noites de solidão.

Entre as paredes vejo sombras,
Vultos que gritam em aflição.
Procuram o bálsamo à dor,
De tuas vítimas o perdão.

Sombras que vagam errantes na escuridão...
Vêem o meu suplício e a minha dor?
Levem-me junto ao caixão,
Pois na noite vazia bebo, rogo e choro em vão...

23/04/2006 – 00:08.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

The final recognition...

Hoje irei apaenas colocar aqui a última honraria recebida, presente da Jéssica do Grafitte Charmy. Agradeço a ela pelo reconhecimento e a todos que até hoje têm feito o meu contador subir. É gratificante saber que o que eu escrevo é apreciado por alguém. E hoje terei a oportunidade de recompensar aquele que mais me ajudou e motivou com este blog:


1. Confessionário (enfim, a recompensa ao meu “padrinho”)
2. Botando pra fora
3. Infinito Particular
4. Confissões de uma Adolescente em Crise
5. Palavras de um Mundo Incerto

Não só sem estes, mas sem todos vocês que vêm me visitar, o meu blog não teria tanto sentido. Obrigado mais uma vez.
Abraços.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

All alone...

Depois de longos meses de recesso, aqui estou novamente à mesa da loja de conveniência do posto, a minha cerveja e eu. Percebo agora o quanto senti saudades deste lugar, e da inspiração para escrever crônicas que ele me proporciona.

Enquanto escrevo, observo a lua crescente iluminando o céu azul marinho de fim de crepúsculo. O movimento incessante dos carros apressados, voltando com seus donos para suas casas, em suas rotinas monótonas, para então abraçarem suas esposas e esquecerem do dia vertiginoso que tiveram.

O som dos veículos, das pessoas, da televisão... Tudo passa silenciosamente pela minha percepção, ao passo que vou concluindo cada linha, cada gole de etanol, impenetrável no meu exílio.

Oh! Lamentável... Em breve terei que sair novamente, para juntar-me à multidão que se aglomerará em suas fileiras, silenciosa, para mais um dia do ciclo, para mais algumas horas a pensar num idealizado futuro. Mas em breve poderei voltar, estarei finalmente sentado à minha cadeira de plástico, para contemplar todo esse mundo aí fora, de dentro do meu, na companhia daquela moça chamada Solidão...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Bullet proof...




E pela escuridão vagueio novamente entorpecido pela afluente de tristeza que me carrega até a janela, onde contemplo as estrelas cintilantes como lágrimas que marejam os olhos e deixam a visão turva...

E a chuva de palavras e de dor cai desenfreada no quarto escuro e nas teclas do computador. O pesado abandono, sensação conhecida de outros tempos, de outras dores, de goles sedentos de etanol, para inebriar uma alma perdida num imenso nada sombrio...

“Eu queria ser à prova de balas” (Thomas Yorke). E eu desejaria não mais sentir. Não mais deitar em um chão frio para aquecer o que há no espaço vazio onde antes havia alma. Então vem você para encher de chumbo o meu buraco no peito, fazendo-me flutuar e estourar em uma dimensão abaixo da vida...

E seu perfume já não sinto mais. Seu gosto desapareceu-me da boca, se um dia já o senti de verdade. Minhas palavras se esgotam sugadas por este espaço onde coloquei meu amor para rodar o mundo para ver se um dia chegaria a você. Mas você não pode me ver... Você não pode saber que escrevo por você.

Mas eu gostaria que você pudesse me ver, e visse a si mesma nisto que você me transformou. Mas está agora tão longe e tanto tempo faz que não falo com você. Sequer esqueço o som da sua voz mansa, seu jeito...

Apenas termine de fazer o que deve, e atire no meu peito vazio, encha-o do chumbo frio, do vil das suas palavras, e faça minha alma e meu corpo flutuarem para sempre na neblina entorpecente da noite solitária, como quem flutua num rio...

Só queria ser à prova de balas...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

On the way home...

Em lânguida cidadezinha passei meus lânguidos dias de verão. Via o sol incidir em suas ruas de pedra estreitas, em tardes de sonhos brancos e saudosos. Há menos de duzentas e quarenta e duas horas estive mais longe de você.
Há apenas algumas horas sonhei com você. Sua pele branca refletia a luz de um sol etéreo, que também incidia em seus lábios vermelhos e em suas pálpebras adormecidas. Ou quem sabe... Fosse apenas a luz dos meus olhos que diziam a você “nunca deixei de te amar”.




De sonhos como esse guardo a ventura de dias que não vieram, e de outros que se foram. Quando, enfim, deixará de ser a dona do meu jardim escondido por detrás dos muros?



Minhas palavras são tão ínfimas quanto as minhas esperanças. Voltarei amanhã para a velha rotina na qual conheci você. O velho ciclo que só você conseguiu mudar, inverter. Estou a caminho de casa, mais perto de você. A 479 km de você. Dê-me as boas vindas, e nos meus sonhos venha então finalmente ser minha...

7 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

No jardim de um mosteiro...


Numa antiga construção, à sombra de uma varanda, repouso minhas inquietações e minhas lembranças. Daqui, quando finalmente posso contemplar o rosto de uma musa, sento-me a uma velha cadeira e ponho-me a apreciar o branco deste papel, como as paredes e os ladrilhos no chão.

Enquanto penso, observo a paisagem à frente, na qual apresenta-se um jardim tendo como fundo um largo prédio de dois andares, onde repousaram seminaristas de outrora, fechados em suas janelas verticais. Mais na frente do prédio, duas ou três árvores balançam suas folhas ao toque da brisa preguiçosa de um fim de manhã.

Pensei em escrever sobre você. Sobre o estranho fato de que é a única pessoa a ameaçar meus fantasmas do passado. Um passado não muito distante, tão impregnado em mim como o que está nas paredes deste seminário. Haverá de ser você outro fantasma – imagino às vezes – pois é como se fosse parte de um novo capítulo da mesma história.

Apesar disso, pareço não me importar. Pareço ceder a apelos desconhecidos, como sei que também os sente. Ao ver a realidade, parece muito simples o inevitável desfecho deste breve romance que escrevemos. Por que então continuar a escrevê-lo? Por que esperar um final diferente do que já está pronto?

Ao pensar na sua resposta, volto a observar os mosquitos esvoaçantes à luz do sol, que incide sobre as folhas das árvores, sendo tudo isso emoldurado pela imensa sacada da minha varanda, onde permaneço sentado, sempre na companhia de uma moça chamada solidão...

2 de fevereiro de 2008