domingo, 7 de dezembro de 2008

Tonight, tonight...

"Eat, drink and love; what can the rest avail us?"

Byron.


É interessante o meu comportamento com relação a este espaço. Também me intriga tamanha imprevisibilidade da minha inspiração, sempre tão fugidia. Cheguei a essas reflexões na noite de ontem.

Há menos de trinta e seis horas atrás pensei em alguém de uma forma que não ocorria desde quatro anos atrás. As mesmas dúvidas, os mesmos temores... Não. Enganei-me em pensar que o tempo e a distância me fariam esquecê-la. Aquele mesmo amor, que só por ela eu havia sentido em toda a vida. Mas isso é assunto para outra conversa (por enquanto podem ler o texto anterior). 

O fato é que eu fui à faculdade ontem à noite (05/12) decidido a mergulhar minha dor em todo o etanol que houvesse no mundo (depois da prova!). Também estava disposto a escrever algo como isto aqui. Bom, talvez um pouco diferente. Saí do campus e entrei sozinho no boteco em frente. Como mandam os hábitos de um romântico como eu, escolhi uma mesa afastada e pedi uma bebida. Abri meu fichário, enquanto meus fones de ouvido no volume máximo realizavam a frustrante tentativa de encobrir a maldita música que estava sendo reproduzida num amplificador próximo dali.

Mas a caprichosa inspiração não veio. Nem mesmo meus pensamentos estavam ali. Minha cabeça, meu coração, tudo estava com ela. A amada. Algum tempo depois, após esvaziar uma long neck, percebi que alguns amigos se instalaram em uma mesa adiante.  Decidi pagar a minha conta e me retirar. Tarde demais. Os infelizes me viram. Ao menos eu sei que pude esquecê-la, ao menos por algumas horas alegres. 

Ao sair de lá, corri feito louco (acho que naquelas circunstâncias esse não seria um adjetivo inadequado) para pegar o ônibus que estava prestes a deixar o ponto. Não sentia dores nas pernas e a minha visão era como a de um cinegrafista correndo como eu, com uma câmera na mão. Não sei se os passageiros perceberam meu estado quando me desloquei pelo corredor do veículo, mas eu sabia muito bem. Estava no limbo. Voltei para casa cambaleando alegremente. Como foi difícil trocar a roupa... Ah, se não fossem as paredes! Não sei como consegui escovar os dentes. Mas tomar banho definitivamente não era uma boa idéia. Cá entre nós, queda no banheiro é algo complicado – o sujeito cai todo destruído. Decidi, enfim, ir para a cama (poderia ter ido para a área de serviço, próximo ao lixo, como fizera eu há quatro anos. Não seria má idéia) depois dessa noite tão doce e tão cálida... 

Resultado: por breves horas esqueci minha amada proibida, porém sem ter conseguido escrever coisa alguma. E hoje publico este que é um dos meus textos mais desprovidos de estética e um dos mais inúteis que já redigi. Minha inspiração é tão faceira quanto a mulher que a traz... Céus, como eu as amo!