terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Come share my life...


Da janela do meu esconderijo aprecio uma linda tarde azul de domingo. Os raios de um sol sonolento incidem nas folhas verdes das árvores, que balançam mansamente ao gentil toque de uma brisa. Esta viração que agora invade o aposento traz consigo as mais doces e felizes lembranças, recentes e pretéritas, que me enternecem a alma, trazendo-me placidez e serenidade.

Tantas vezes esqueço-me do que carrego no coração e deixo-me cair em amargura. Tão desnecessário... Pois o que realmente sinto dá-me apenas motivos para sorrir. Ao notar tal presença, sou acometido da mesma sensação que acabo de experimentar, ao ver o último pássaro que acabara de pousar em um dos galhos para visitar-me, para em poucos instantes novamente partir. É provável que, neste momento, apenas eu enxergue a coincidência na sutileza do ir e vir.

Meu “passeio” leva-me inevitavelmente a pensar num antigo desejo. Devo contar-lhes este segredo agora. Ele está retratado acima. Não consigo evitar o pranto ao ver e ouvir tudo o que está sendo dito naquela música, naquelas imagens. É isso o que me faz lembrar do singelo e antigo desejo de ter uma família. E de dar uma família a alguém... Pessoas às quais eu pudesse dar tudo de que precisassem. Proteção.

Crianças... Acho que não tenho muita paciência com infantes. Mas confesso que não consigo ser indiferente à pureza de seus olhos cristalinos, que desperta-me nostalgia, saudades da (única) época feliz da minha vida. Quem sabe voltaria eu a sorrir vendo realizarem-se aquelas imagens... Mas agora não sonho mais sonhos de criança. Cresci e descobri o significado de amar, ainda que não devesse senti-lo. Pois também viria a aprender o significado de não ser amado.