terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Lift...

Como eu estava dizendo para o meu amigo César, a inspiração é caprichosa, mas ela é generosa com aqueles que aceitam-na de bom grado. Eu a aceito sempre. E sou ricamente recompensado, por vocês leitores, e por amigos como o próprio César, que não se cansa de presentear-me com honrarias que sonho em um dia retribuir com alguma que ele ainda não tenha recebido. Abaixo estão os novos selos e os meus indicados:





1. Botando pra Fora
2. Better Together
3. Com Uma Pitada de Açúcar
4. Delírios Lírico-Radicais
5. pare, olhe: respira-me

Resolvi, desta vez, entregar os selos àquelas pessoas que (aparentemente) ainda não haviam recebido nenhum deles. À essa altura já devo ter premiado quase todos os meus blogs favoritos, espero poder ainda recompensar aqueles que estiverem faltando. Agradeço a todos pelas visitas e pelos comentários e mais uma vez vou lembrar que não postarei no período de carnaval, mas retornarei no dia 8. Trarei novos textos. Até a volta.

domingo, 27 de janeiro de 2008

There's a reason for it...

“Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso instável, por sobre profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase - um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão - essa solidão terrível através da qual a nossa trêmule percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal - encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber porque cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a constituir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

Bertrand Russell (1872-1970)”.

(Autobiografia de Bertrand Russell. Prólogo. Transcrito por Bill Falcão)


Peço desculpas aos meus leitores por ter passado tanto tempo sem postar, tempo que nunca havia levado antes. O que acontece é aquilo que já foi explicado anteriormente; férias, objetivo do blog concluído, falta de outros temas. Mas decidi que continuarei escrevendo aqui, devido à inesperada aceitação e lealdade por parte do público. Mais uma vez agradeço-os.

Estive conversando com a Marcela e ela enviou-me esse texto acima, que ela recebeu de um conhecido e encaminhou a mim, dizendo ter tudo a ver comigo. Li o texto e tive de concordar com ela, vendo também a possibilidade de finalmente voltar a postar. Bertrand Russell foi um importante pensador do século XX, cujos trabalhos abrangem a Filosofia, a Matemática e a Lógica. O que vem ao caso aqui é apenas falar um pouco sobre os sentimentos em comum que descobri entre mim – simples estudante e escritor amador – e este importante pensador.

Todos estão cansados de saber. Eu busquei o amor também. Acho que todos nós buscamos, não é verdade? Como dizia o Axl Rose: “Everybody needs somebody”. Infelizmente, nem todos tem muita sorte. É Impressionante. Os dias se passam, cada pessoa neste momento está vivendo momentos diferentes. Cada uma está passando por uma fase diferente, o começo e o final do ciclo. A paixão, o amor e a desilusão. Um ciclo interminável que causa nos seres humanos uma sensação de felicidade e poder que vem rápido demais para o que ela significa. Escrevendo, vivendo e lendo sobre isso, durante toda a vida, talvez jamais eu seja capaz de compreender. “Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal – encontrei”. Mas eu não.

Passemos agora ao conhecimento. Ah, este sim nos dá garantia de alguma coisa. Ele nunca nos abandona. O conhecimento, para mim, é o que há de mais importante na evolução humana. Ao adquirir conhecimento a sensação é de leveza, esperança, renovação. Não sei dizer, mas acho que me traz felicidade (contrariando a idéia de Platão, pois ironicamente sou um idealista). Mas em uma coisa eu concordo com ele. Quem é que consegue ser feliz sabendo que existem milhões de excluídos vivendo em situação de miséria?

Pesei minhas opções e escolhi o curso que estou fazendo por idealismo. Preciso de uma razão muito forte para estar vivendo (nenhuma religião foi capaz de me dar isso) e então concluí que preciso ter um objetivo maior do que ganhar dinheiro. As pessoas caminham lentamente, mas, mesmo sabendo de que não surtirá um efeito definitivo, minha vontade é fazer a minha parte. A minha “gotinha”, como falou um professor meu uma vez.
Por último, gostaria de avisar que durante o período de carnaval ficarei sem postar, devido a uma viagem. Mas voltarei no dia 8. Ah, e não se preocupem, asseguro-lhes que o próximo texto será melancólico! (risos). Até a volta.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Noites brancas...

Mais uma vez estou aqui de madrugada escrevendo no blog. E será ela justamente o meu tema. Ganhei inspiração graças a uma agradável conversa com meu amigo Tiago, agora a pouco, e percebi o quanto isso tudo é digno de uma reflexão e um post.

Dizia-me ele que gosta da madrugada, gosta de ouvir música durante a madrugada, ao invés de desperdiçá-la dormindo. Eu não diria algo diferente. Acho que são as melhores horas do dia (da noite, digamos). É quando posso estar sozinho e não me sentir mal por isso. É quando posso escutar o silêncio e a música em minha cabeça (ou nos fones em minha cabeça). Gosto de estar no escuro sem poder me ver e só escutar o som. Também gosto de beber nessa hora. Algo gelado, ou talvez mais refinado como vinho ou uísque.

Então, o meu amigo disse que trabalharia num lugar deserto, pela madrugada, se pudesse. Eu pensei rápido e concluí que gostaria de ter esse horário só para mim, não para trabalhar. Perguntei-lhe o que ele imaginaria como um trabalho para esse horário. “Não sei exatamente... Poderia ser um posto em algum lugar deserto”, foi a resposta. “Você trabalharia de frentista num posto no meio da estrada?”, indaguei. Ele disse que fora a possibilidade de assalto estaria bom, mas contanto que fosse num lugar bonito.

Foi a partir daí que percebi a sublimidade de tudo isso. Meu amigo perguntou-me mais uma vez: “Trabalharia num posto da ‘Br’ com o teu amigo aqui? Enchendo tanque de caminhão e ouvindo Radiohead debaixo do carro?”. Imaginei naquele momento a sensação que aquilo poderia proporcionar. Imaginei ouvir “Fake Plastic Trees” num rádio com baixa qualidade sonora, num posto deserto durante a madrugada. Tiago imaginou ainda o posto perto do mar.

Depois, ele imaginou também trabalharmos no setor interno de uma biblioteca que nuca fecha, o que renderia conversas, leituras agradáveis, e capuccinos. Ele escreveu a biblioteca como tendo janelas que nos dariam a vista para um lindo jardim. E aí ouviríamos os grilos e outras coisas...

A reflexão a que isso tudo me levou é que existem coisas que sempre temos vontade de experimentar na vida. Coisas bem simples... Mas nunca podemos, sabe por quê? Sabe. Porque estamos presos ao sistema rotineiro que nós mesmos criamos. Toda a sua segurança e complexidade jamais trarão a felicidade das coisas simples. Não custa nada percebermos isso e tirarmos algum tempo para fazer essas coisas doidas que nos deixariam felizes. Só por um tempo que seja. Sabe... Não chega a ser maluquice não... É apenas viver. É apenas aproveitar o óbvio, o essencial, o simples. A vida é cheia de momentos. Mas a felicidade está nos mais simples.

Felicidade é a sensação de fazer coisas simples e “doidas” ao lado de um amigo. Isso traz felicidade. Ah, traz sim. A conversa que tive com meu amigo Tiago me deixou bastante contente. São coisas como essas que enxergamos nessas horas da noite. Que nos fazem pensar, sentir, sonhar... Ou sair do banho e vir escrever um post como este para o blog, só de toalha... Coisas da madrugada.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A tempestade...

'Tis vain to struggle - let me perish young
- BYRON

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!

Vinte anos! Derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...Vinte anos!...
Sem viver um só momento!

Contudo, no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia...
E uma virgem tão doce, tão divina.
Nos sonhos junto a mim adormecia!

(...)

Meu Deus! e quantas eu amei... Contudo
Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d'inocência.

Foram três noites só... Três noites belas
De lua e de verão, no vau saudoso...
Que eu pensava existir... Sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo.

E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer - e espero ainda!

A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso,
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso.

Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d'esperança...
Mas hoje o coração parado e frio,
Do meu peito no túmulo descansa.

Pálida sombra dos amores santos!
Passa quando eu morrer no meu jazigo,
Ajoelha ao luar e entoa um canto...
Que lá na morte eu sonharei contigo.

12 de setembro, 1852.”

(Trechos: Álvares de Azevedo – “Saudades”)


Estou prestes a escrever algo doloroso. Solidão. Dor. Fui acometido das lembranças recentes, tão desastrosas, tão desoladoras. A angústia presente no livro da Clarice Lispector, a presença de verdades que antes eram invenções de uma mente imatura, o golpe que destruiu meu coração, sobrando absolutamente nada.

Todas as noites têm sido semelhantes. Mas esta, do dia 8, às 22:41, tem sido a pior delas até agora. Não tenho intenção de dormir, jamais durmo cedo. A sensação de desolamento não permite. É algo que torna uma criatura a mais desventurada e indesejada. Mal desejada. Será apenas uma fase de algumas horas até o amanhecer? Não... Desta vez já tem durado tempo demais. “Hoje a tristeza não é passageira”, dizia o Renato Russo. Não posso levantar mais de onde fui jogado, por um golpe inesperado, uma cicatriz que se forma inesperadamente, uma cicatriz que a mim não foi prometida.

Não, prometeram-me que seria diferente. Mas como outras pessoas fizeram, deixou ela uma cicatriz mais profunda do que qualquer outra. Agora, o desespero bate à porta há muito não visitada por ele, um companheiro de longa data, um visitante vazio, que apenas esfarela, dizima a todos os sonhos e queima toda a esperança. Esperança irregular, oscilante, que vem e vai como uma brisa da tarde, agora um crepúsculo crescente e sem volta.

Perdi-me desta vez e não sei mais onde encontrar. Desiludido comigo, mundo, pessoas. A escuridão nunca veio tão nebulosa como agora. Talvez naquela manhã quando por quatro horas pranteei por ti. Mas o pranto não vem; ele é preso, enterrado, inalcançável a um débil esforço para derrama-lo. Sentir-me-ia melhor se eu o alcançasse? Não saberei. Nem mesmo isto me é permitido. Privado da mais simples faculdade de chorar.

Que a noite então dure eternamente e que o dia jamais venha. Deixe-me mergulhar num sono profundo ao interior de mim mesmo, o nada. Que a noite cubra minhas pálpebras com um imenso manto negro e que se faça adormecer eterno. Na treva profunda e brutal sinto esvair-se minha alma. Pois sinto, meu anjo, uma imensa e desmedida solidão. Você não estará aqui amanhã para me acordar; nunca esteve. Que então eu não acorde, que mergulhe eu e pereça então, para sempre no sonho e na escuridão...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

More recognition...

E mais uma vez estou aqui para anunciar mais uma honraria concedida a mim pelo César, meu maior motivador. Fico feliz por tantas visitas e pelo reconhecimento, nunca esperado por mim, como falei no post anterior...






E aqui vão meus indicados:

Botando pra fora

Infinito Particular

B!ahworld

Grafitte Charmy

Com uma Pitada de Açúcar

E como sempre, mais uma vez peço desculpas àqueles que não foram indicados, mas como costumo dizer, posso apenas indicar cinco. Ei, não esqueçam o post anterior (rs)!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

À todas as noites de verão...

“Naquele mesmo momento enxerguei (mas tu não podias enxergar), voando entre a frígida lua e a terra, Cupido, de arma em punho: fez mira, ele, na direção de uma linda vestal, coroada pelo Ocidente, e libertou desde seu arco a flecha do amor, com muita habilidade e energia... como sedevesse trespassar uma centena de milhares de corações. Contudo, eu pude ver a flamejante flecha extinguir-se nos castos raios de uma lua aguada; e a imperial devota passou adiante, em virginal meditação, livre de fantasias amorosas. Eu, porém, observei onde caiu o dardo de Cupido: bem em cima de uma florzinha do Ocidente, antes branca como o leite, agora púrpura como a ferida do amor. E as donzelas chamam de amor-perfeito àquele amor ocioso.”

(William Shakespeare – “Sonho de uma noite de Verão”)


“Yesterday I got lost in the circus
Felling like such a mess
Now I’m down I’m just hanging on the corner
I can’t help but reminisce
When you’re gone all the colors fade
When you’re gone no New Year’s Day parade
You’re gone
Colors seem to fade”

(Amos Lee – “Colors”)



Férias da universidade... E eu mais uma vez aqui, escrevendo algo sem importância, mas que talvez todos venham e comentem, como sempre. Agradeço aos meus leitores. Mas ultimamente as idéias têm ficado cada vez mais escassas.

Quando eu ainda estava na universidade pelo menos ainda tinha algo a relatar sobre minhas observações no cotidiano solitário que eu levava. Até a minha ida ao boteco era motivo para reflexões existenciais e uma boa crônica. Nada como um caderno, uma cerveja (na verdade prefiro vodka ou vinho, mas já que o ambiente não ajuda...) e uma tristeza para uma boa inspiração.

Este blog tornou-se algo que eu não esperava, recebeu prêmios que eu não esperava, e um público fiel e atencioso que também não esperava. Mas na verdade, todos sabem porque eu o criei inicialmente. Acontece que talvez eu já tenha dito tudo o que deveria ser dito. Recebi todo o apoio de pessoas que nem conheço, e isso me deixa muito contente e emocionado. Mas talvez, infelizmente, já não tenha mais o que dizer.

Fará dois meses no dia 16, desde que aconteceu. Porém, já fará quatro meses desde que tudo começou, e mais de dois anos de amizade. Como já confessei, depois de tanto tempo, ela tornou-se uma pessoa importante e querida para mim, por isso nossa amizade sempre continuará. Acho que ela também pensa o mesmo, eu espero. Mas de todo caso, talvez a história termine aqui. Nem tudo foi esclarecido, mas talvez seja melhor assim. Não sei como iremos ficar. Mas eu realmente não tenho mais muita coisa para escrever no momento.

Este blog recebeu o nome que tem por causa do dia do nosso encontro, que terminou desastrosamente, como já sabem, e também por causa da música. Comecei a escrever aqui para deixar extravasar toda a dor que eu senti. E consegui. E agradeço a todos pelo apoio tão inesperado e pela atenção. Quero agradecer também à minha prima Raiza pela motivação e atenção que tem me dado (vocês devem ter visto uns comentários dela por aí). Obrigado pelo carinho, I love you! Não levem a mal, não é uma despedida. Não ainda. Estou pensando. Pensando no que vai acontecer comigo e com ela, pensando no que vai acontecer com este blog depois disso e pensando no que irei escrever depois de tudo.

Bem, acho que a chuva ainda continua, aquele dia de novembro ainda está vivo em minha memória...

sábado, 5 de janeiro de 2008

À procura dos nossos "pés"...

MSN:

' César!
Roupa Nova – Sapato Velho <
cesaraschuler@hotmail.com>

::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
rapaz... essa música
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
"Sapato Velho"
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
é linda demais...
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
"é, talvez eu seja simplesmente como um sapato velho..."
' César! diz:
"mas ainda sirvo se você quiser, basta você me calçar, que eu aqueço o frio dos seus pés"
::Lone Wolf:: ∆٭♥∞ diz:
quem é que ainda quer um sapato velho hoje em dia, companheiro?



***

Alguns de nós têm “mania de grandeza”, como disse o meu amigo César nesta mesma conversa, antes de publicar o seu post. Outros, como eu, não. Alguns preferem as moças ditas “top”, outros as mais reservadas, aquelas que não são tão notadas como as primeiras. Não importa, pois todos nós temos algo em comum.

Nós somos aquilo que nunca é notado. Estamos ali, no meio das fileiras de pretendentes de uma bela moça, ou enchendo nossas caras com etanol em um boteco qualquer. Somos feitos de sonhos, vivemos de sonhos. Somos capazes de encontrar a felicidade nos braços de alguém que amamos, simples que seja todo o resto. Normalmente nunca encontramos aquilo que aplaca a nossa vontade e o nosso desgosto. Mas nunca deixamos de sonhar...

Sabemos exatamente o que dizer quando estamos na frente dela. Sabemos acreditar no quanto elas são especiais, cada uma delas, mesmo que nem elas próprias venham a enxergar isso. Fazemos a quem amamos sentirem-se especiais. O que oferecemos é especial. Nós somos como sapatos velhos... Podemos ser aconchegantes aos pés... Podemos aquecê-los do frio e fazê-los sentir como se estivessem descalços... Mas ainda somos sapatos velhos.

A verdade é que nunca poderemos chegar onde os sapatos de butiques estão. Eles é que são os preferidos. Quem é que vai querer um sapato velho se puder ter algo melhor? Bem... Podemos não ser nenhum sapato novo e bonito. Sabem o que eu acho? Que o que precisamos pode estar em outra direção, talvez não muito longe dali, talvez fora do nosso campo de visão, esperando por alguém exatamente como nós. Ela não está entre as "tops", mas isso não significa que ela não seja linda, sua beleza disfarçada apenas pela sua timidez, pelo seu jeito reservado. Ela é capaz de entender você como nenhuma outra "top" fará e é capaz de fazê-lo feliz também como nenhuma outra. Sempre apreciei muito mais esses adoráveis “pés”. A questão é: quem poderá um dia encontrar os seus?