domingo, 27 de janeiro de 2008

There's a reason for it...

“Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso instável, por sobre profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase - um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão - essa solidão terrível através da qual a nossa trêmule percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal - encontrei.

Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber porque cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a constituir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.

Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

Bertrand Russell (1872-1970)”.

(Autobiografia de Bertrand Russell. Prólogo. Transcrito por Bill Falcão)


Peço desculpas aos meus leitores por ter passado tanto tempo sem postar, tempo que nunca havia levado antes. O que acontece é aquilo que já foi explicado anteriormente; férias, objetivo do blog concluído, falta de outros temas. Mas decidi que continuarei escrevendo aqui, devido à inesperada aceitação e lealdade por parte do público. Mais uma vez agradeço-os.

Estive conversando com a Marcela e ela enviou-me esse texto acima, que ela recebeu de um conhecido e encaminhou a mim, dizendo ter tudo a ver comigo. Li o texto e tive de concordar com ela, vendo também a possibilidade de finalmente voltar a postar. Bertrand Russell foi um importante pensador do século XX, cujos trabalhos abrangem a Filosofia, a Matemática e a Lógica. O que vem ao caso aqui é apenas falar um pouco sobre os sentimentos em comum que descobri entre mim – simples estudante e escritor amador – e este importante pensador.

Todos estão cansados de saber. Eu busquei o amor também. Acho que todos nós buscamos, não é verdade? Como dizia o Axl Rose: “Everybody needs somebody”. Infelizmente, nem todos tem muita sorte. É Impressionante. Os dias se passam, cada pessoa neste momento está vivendo momentos diferentes. Cada uma está passando por uma fase diferente, o começo e o final do ciclo. A paixão, o amor e a desilusão. Um ciclo interminável que causa nos seres humanos uma sensação de felicidade e poder que vem rápido demais para o que ela significa. Escrevendo, vivendo e lendo sobre isso, durante toda a vida, talvez jamais eu seja capaz de compreender. “Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que - afinal – encontrei”. Mas eu não.

Passemos agora ao conhecimento. Ah, este sim nos dá garantia de alguma coisa. Ele nunca nos abandona. O conhecimento, para mim, é o que há de mais importante na evolução humana. Ao adquirir conhecimento a sensação é de leveza, esperança, renovação. Não sei dizer, mas acho que me traz felicidade (contrariando a idéia de Platão, pois ironicamente sou um idealista). Mas em uma coisa eu concordo com ele. Quem é que consegue ser feliz sabendo que existem milhões de excluídos vivendo em situação de miséria?

Pesei minhas opções e escolhi o curso que estou fazendo por idealismo. Preciso de uma razão muito forte para estar vivendo (nenhuma religião foi capaz de me dar isso) e então concluí que preciso ter um objetivo maior do que ganhar dinheiro. As pessoas caminham lentamente, mas, mesmo sabendo de que não surtirá um efeito definitivo, minha vontade é fazer a minha parte. A minha “gotinha”, como falou um professor meu uma vez.
Por último, gostaria de avisar que durante o período de carnaval ficarei sem postar, devido a uma viagem. Mas voltarei no dia 8. Ah, e não se preocupem, asseguro-lhes que o próximo texto será melancólico! (risos). Até a volta.

13 gota(s) de chuva:

ContaPraMarcela disse...

O texto do Russell é muito bom, realmente. Mas queria que vc se parecesse um pouco mais com ele no otimismo...
Acho que vc ainda muda.

Vou sentir saudades qnd viajar... aproveite a ilha por mim =)

Aprendi a gostar de vc de um jeito único.
Se cuida.
Um beijo

B!ah♥=D disse...

Mas o amor ainda é mlhor que o conhecimento...
A Mah(risos),sempre abrindo portas...
Aguardo as suas melancolias que me dão nó na garganta...
Bjo;
=D

César Schuler disse...

presentes pra tu no Confessionário :]

Dan disse...

Que bom que gosta da mafalda, eu também gosto..
:)

Kari disse...

Vi que não perdi muito por aqui...
Andei sem computador, mas já estou de volta...

Caramba! Realmente o texto tem a "tua cara", o teu jeito.... E é muito bonito!
E quanto a felicidade... é difícil ser feliz completamente quando se sabe que milhares estão morrendo por guerra ou por fome.

Beijos

Kari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Stephany Belleza disse...

Não querendo ser prepotente, sei q o texto foi oferecido a ti, mas em parte tbm combina comigo, sobre o conhecimento e a piedade, mas não sobre o amor...

O problema é que maioria das pessoas amam esperando ser recompensado, com provas de Amor, mas quando o amor é verdadeiro não precisa ser provado, é como o ar, vc não veh, e nem sente, mas sabe que é ele que faz seus pulmões funcionarem.

Insisto que o amor não é só sentimento de uma pessoa pra outra, e amar a Vida em si é bem mais produtivo, o parceiro afetivo é consequencia ;)

Quando a gente é feliz é como se brilhasse, e isso atrai to mais pessoas... Afinal p/ q estamos aki se não é p/ ser feliz?

Não se esquente, as coisas boas da vida demoram a chegar, e só chegam depois de ter alcançado merecimento...

é acho que falei d+ :P

Bju

Laura Veridiana disse...

Muito boa a escolha do texto e muito boa a análise e os seus comentários.
Aliás, faz tempo que eu não vinha aqui, mas como você viu ando meio perturbada, sei lá.
Obrigada pelos comentários e eu sinto muito que você já tenha passado pelo que eu estou passando. ;P

Anônimo disse...

busquei o amor, me ferí com ele.
mas nada termina assim... de repente.
(:
as histórias breves, não possuem conteúdo e por isso nao são contadas. já aquelas que sequer, uma vez foi escrita, possui essência, seja qual for o sabor.
beijões!

Anônimo disse...

Li atentamente seu texto e após algumas conjecturas, lembrei-me de um pensamento de Gibran Khalil Gibran: "Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem possa vos ferir." Amar sempre vale à pena. Lembre-se de que o verdadeiro amor é apenas para para alguns raros eleitos, para aqueles que se entregam incondicionalmente. Mas nunca tente aprisionar o amor, deixe-o livre, ou escorregará entre teus dedos como a areia; quanto mais desesperadamente tenta segurá-lo, mais rapidamente escapará. Espero que você "possa descobrir no breu uma constelação". Eu finalmente descobri.
Seja feliz.
Um abraço
Cinara

Anônimo disse...

Olá,
Gosto muito do texto postado de Bertrand Russel. Adorei o seu Blog. Além disso, adorei a música que tinha de fundo na citada página (semana passada), mas hoje ao reabrir a página, ela não tocou. Acho que era do "U2". Você poderia me dizer o nome daquela música?

Um grande abraço,
Meg

Αιακοσ Επυαλιοσ disse...

Olá, Meg, agradeço a sua visita e o seu comentário. Tenho a impressão de que a música à qual você se refere é a "Black", do Pearl Jam. De fato, é uma bela canção, com uma letra triste e delirante.

Volte sempre e comente!

∆٭♥∞

Anônimo disse...

Lone Wolf,

Meu caro, não é "Black" do Pearl Jam, pois eu a conheço e eu a adoro também. Ainda acho que é do "U2". Ela tem uma frase que fala algo como "black moustache", se entendi bem!

De qualquer forma, muito obrigada mesmo pela gentil resposta e pela rapidez em me dar um retorno.
Tenha um bom fim-de-semana!

Valeu!!

Um grande abraço,
Meg
vagaluminha@gmail.com)